18 Março 2019
Ruas lotadas em todo o mundo, da Nova Zelândia à Tailândia e à Polônia. A primeira grande manifestação global tem os estudantes como protagonistas. Greta Thunberg volta a protestar diante do parlamento sueco. Em Bruxelas também participam das marchas os sindicatos, os cientistas, os professores e os "avós pelo clima". É a primeira mobilização global em defesa do clima a gritar que "não há mais tempo", que chegou a hora de tomar medidas para evitar as consequências das alterações climáticas. É o Global strike for climate, uma greve escolar lançada pelas jovens gerações preocupadas com o futuro.
São centenas de milhares de estudantes em todo o mundo que se mobilizaram para essa primeira greve planetária que envolveu mais de 110 países, com mais de 1.700 iniciativas em todos os continentes. Uma chamada para a mobilização permanente lançada pela jovem estudante sueca, Greta Thunberg, hoje símbolo de toda uma geração determinada a defender o planeta dos riscos do aquecimento global. “Estamos enfrentando a maior crise existencial que a humanidade já conheceu e ainda assim continuamos a negá-lo”. disse em Estocolmo diante do parlamento sueco a jovem ativista, justamente ali onde tudo começou, inspirando as Fridays for future, a greve da escola para defender o clima. Na capital sueca, diante de 10 mil estudantes, Greta relançou sua acusação àquelas gerações que ela considera responsáveis pela "iminente catástrofe". "Não temos um planeta B" e "1,5 graus" (o limite além do qual, segundo os acordo da COP 21 de Paris, o aumento da temperatura provocaria consequências irreversíveis em nosso meio ambiente) são as mensagens universais presentes em todas as iniciativas.
A reportagem é de Gabriele Annichiarico, publicada por Il manifesto, 16-03-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Da mesma forma que é global a acusação à classe dominante mundial, tímida em matéria de proteção ambiental, se não mesmo negacionista quanto ao aquecimento global. "Climate justice now” é o lema que cruzou todas as ruas de todo o mundo. O que os estudantes pedem é uma mudança de rota: novas políticas sociais e econômicas capazes de fazer frente aos novos desafios mundiais em termos de sustentabilidade ambiental e inclusão social. Um novo modelo de sociedade baseado na cooperação entre os povos e sob a insígnia de políticas energéticas ecologicamente compatíveis
Na Alemanha foram realizadas 200 ações de protesto, com 20.000 estudantes na capital Berlim.
Na Itália, 235 marchas. Lotaram as ruas mais importantes de Turim, Florença e Milão. A capital lombarda, com quase 100 mil estudantes, foi, em nível mundial, uma das manifestações com maior participação.
Mais de 200 locais na França, com 40 mil estudantes em Paris e 12 mil em Lyon.
Cerca de mil estudantes protestaram em Varsóvia diante do Ministério da Energia. Um protesto de valor simbólico, pois a Polônia está entre os maiores consumidores de carvão e com os níveis mais alto de poluição em nível europeu. Também foram várias as iniciativas na Oceania e no continente asiático.
Na Austrália, 150.000 estudantes foram às ruas do país e 20.000 nas ruas de Sydney.
Na Nova Zelândia, inclusive, a iniciativa recebeu o apoio da primeira-ministra Jacinda Ardern. Passeatas também no continente asiático, em Bangkok, Seul, Hong Kong e Nova Deli para denunciar a inércia do mundo político: "Vocês estão destruindo o nosso futuro." Em Bruxelas, capital europeia, 35 mil estudantes saíram às ruas, pelo que foi um dia de mobilização e conscientização com eventos culturais, debates e exibições de filmes e documentários sobre o tema do aquecimento global. Uma demonstração à qual aderiu a maioria da opinião pública.
Dos Teachers for climate, plataforma dos professores que se solidarizam com a greve escolar, passando pelos Grands parents pour le climat (os avós pelo clima), movidos pela preocupação com o destino de seus netos. Também estiveram presentes os principais sindicatos do país, acompanhados por slogans: "Nenhum trabalho em um planeta morto".
Até mesmo o mundo científico deu seu apoio com os Scientists for climate, pesquisadores das duas principais universidades de Bruxelas (Ulb e Ucl) presentes na manifestação com o slogan "Instituições científicas em greve pelo clima".
O apoio ao evento também veio do mundo político e, em especial, pela ministra da Educação da comunidade flamenga, Hilde Crevits, que incluiu as iniciativas de rua do último sábado entre as atividades pedagógicas deste ano letivo.
Uma manifestação festiva e barulhenta de slogans irônicos como "também os dinossauros acreditavam que tinham tempo" ou "todos os filmes catastróficos começam com os políticos que ignoram os cientistas".
Mas também mensagens de angústia: "Tenho 12 anos e tenho medo" ou "queremos o nosso futuro", para enfatizar a preocupação de toda uma geração a respeito das consequências da mudança climática.
"Act now" é a mensagem pintada nos rostos dos adolescentes, dirigida à classe política para que decida "agir rapidamente". Muitas são as bandeiras da União Europeia para reiterar que esta é uma geração fortemente europeísta e, ao mesmo tempo, crítica em relação a líderes, percebidos como incapazes e pouco responsivos. A mobilização será permanente, pelo menos no continente europeu, até as eleições do próximo 26 de maio.
O movimento estudantil belga Youth for Climate lançou uma plataforma digital para convidar cidadãos e cientistas a elaborar propostas concretas a serem submetidas ao mundo político, para fazer frente às exigências de uma sociedade ecologicamente responsável em vista das próximas eleições.
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