16 Março 2019
Como adulto, ou assim autointitulado, hoje não vou levantar minha sobrancelha ao ver os jovens lotando as praças do planeta. Até porque, até ontem, eu a levantava pelas razões opostas: quando os via passeando pelos teclados dos computadores, ao invés de descerem para a rua para se olharem nos olhos.
O comentário é de Massimo Gramellini, publicado em Corriere della Sera, 15-03-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Desta vez, os jovens descem às ruas, e como. Eles fazem isso por algo que os envolve e os emociona mais do que a maioria dos adultos: a possibilidade de que a Terra tenha um futuro.
Eu imagino outras sobrancelhas levantadas. São as daqueles que acreditam que os furacões no Mediterrâneo não dependem do ser humano e daqueles que pensam que não basta comer menos carne ou dirigir menos veículos a diesel para reduzir as emissões de CO2.
Mas um jovem é jovem enquanto acredita que é possível fazer alguma coisa. Caso contrário, uma garotinha com as tranças da Píppi Meialonga que saem do seu boné não teria ido à frente do Parlamento sueco para começar solitariamente a campanha de conscientização sobre o ambiente que contagiou uma geração inteira.
A energia de um sonho transcende o próprio sonho. É vital por si só e toca os corações de muitos, às vezes até dos cínicos e dos desiludidos. Incluindo aqueles que, na época da sua adolescência, queriam mudar o mundo sozinhos.
Greta e seus colegas gostariam de salvá-lo conosco. Sozinhos, eles não conseguem: pela primeira vez na história, os jovens do Ocidente representam uma minoria. Hoje, eles não marcham para se emancipar, mas para nos envolver.
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Jovens em busca de um futuro para a Terra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU