''Era preciso expulsar alguns bispos logo. Assim a Igreja não é confiável.'' Entrevista com Francesco Zanardi

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27 Fevereiro 2019

“Nós, vítimas, esperávamos um final diferente. Pelo menos o anúncio da demissão de diversos bispos. Em vez disso, tivemos que ouvir o papa que, no discurso final, chegou até a dizer que ‘a Igreja, junto com seus filhos fiéis, também é vítima’ dos crimes de pedofilia. A Igreja, vítima? Isso é demais. Eu achava que as vítimas fôssemos nós.”

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada em La Repubblica, 25-02-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Francesco Zanardi, vítima dos abusos de um sacerdote aos 11 anos de idade e hoje presidente da Rede L’Abuso está furioso. As conclusões da cúpula ocorrida no Vaticano para combater os abusos sexuais do clero contra menores são, em sua opinião, “ridículas”.

Eis a entrevista.

Quatro dias atrás, você e outras vítimas se encontraram com o comitê organizador da cúpula. O que disseram?

O mais incrível é que um membro do comitê nos explicou que eles querem intervir, mas que as hierarquias não obedecem. Mais uma razão para expulsá-las, digo eu! Nós conhecemos os nomes dos bispos acobertadores. O que eles estão esperando?

O que é a Igreja para você?

Neste momento, eu não saberia o que mais dizer, senão que é uma organização criminosa.

O que acha das palavras do papa?

Se Francisco considera que a Igreja é vítima, então denuncie os padres pedófilos e, no âmbito civil, peça indenizações pelo que fizeram à Igreja. Por que não o faz?

Você pôde se encontrar com o papa nestes dias?

Eu estava esperando, mas ele não apareceu. Eu já cortei relações com ele e com a Igreja. Eu e todos os 18 representantes das vítimas consideramos que foi tudo uma palhaçada. Como eles acham que podem ser confiáveis desse modo?

Quando vocês se encontraram com o comitê, disseram exatamente o que esperavam dessa cúpula?

Estávamos prontos para nos levantar e bater a porta se compreendêssemos que as coisas ocorreriam desse modo. Mas quisermos dar um voto de confiança, esperar pelo fim. O resultado está diante dos olhos de todos. Mais uma vez, somente e apenas palavras. Mas, pelo menos, finalmente uma coisa está clara: tolerância zero significa credibilidade zero.

O Vaticano anunciou um novo motu proprio papal.

Que comecem a fazer com que o motu proprio anterior seja respeitado. De que serve outro?

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