17 Julho 2018
Arcebispo salvadorenho Escobar Alas mostra ao papa uma tela com a imagem de Romero (Foto: LaStampa.it)
O papa “está pensando em vir visitar o túmulo de Dom Romero”. Foi o que disse o arcebispo de San Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, apresentando a peregrinação à terra natal do próximo santo, Ciudad Barrios, que será o ato principal com o qual a Igreja salvadorenha vai se encaminhar para a canonização do dia 14 de outubro, de Roma, no contexto do Sínodo para os jovens.
A reportagem é de Alver Metalli, publicada em Vatican Insider, 14-07-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Escobar Alas, depois, revelou ter escrito “outra carta ao Papa, pedindo-lhe que, se a canonização não podia ser aqui, que ele viesse visitar o túmulo de Dom Romero”, e “o Santo Padre prestou muita atenção à carta que lhe enviamos”.
O sucessor de Romero assegurou que o papa “está estudando a possibilidade de vir”. Naturalmente, não há nenhuma confirmação, muito menos datas possíveis já indicadas, especificou, para evitar quaisquer mal-entendidos talvez ditados pelo entusiasmo. “Não temos nenhuma data, nem a segurança, mas temos muitas esperanças”, disse o arcebispo.
A hipótese que circula é a de uma parada na rota que, em janeiro de 2019, levará o Papa Francisco ao Panamá para a sua terceira Jornada Mundial da Juventude, depois da do Rio de Janeiro no início do pontificado, em 2013, e da de Cracóvia, em 2016.
O que está certo, porém, é a grande peregrinação nacional a Ciudad Barrios, a localidade onde Óscar Arnulfo Romero y Galdámez nasceu no dia 15 de agosto de 1917. Para chegar lá, é preciso percorrer os 180 quilômetros que, da capital, atravessam o oriente, com a lista de cidades cujos nomes ficaram famosos nos anos da guerra civil. Cuzcatlán, às portas de San Salvador, San Vicente, um dos postos avançados da guerrilha da Frente Farabundo Martí, Usulatán e o Rio Lempa, ainda com o grande viaduto de 700 metros explodido com dinamite em outubro de 1981, passando por Santiago de María, a cidade da qual Romero foi pároco e bispo antes de chegar em San Salvador em 1977 e de onde denunciava os danos da fumigação nas plantações de algodão, que ainda hoje, após a proibição da prática, causam mortes às dezenas.
Depois de San Miguel, passa-se para o departamento de Morazán, o antigo coração da guerrilha, onde ocorreu o massacre de Mozote em dezembro de 1981, considerado um dos piores massacres dos militares na América Latina. Com uma ação que, nas intenções, devia sufocar a guerrilha nascente, o Exército salvadorenho exterminou mil moradores locais, em sua maioria agricultores com mulheres e crianças, obtendo o efeito oposto, o fortalecimento da revolta, que se extinguiu apenas 13 anos depois, em 1992, com acordos de paz que anteciparam em 23 anos a chegada das Farc da Colômbia.
Rumo a Ciudad Barrios, hoje meta de peregrinações espontâneas de várias partes do continente, os salvadorenhos marcharão nos dias 2, 3 e 4 de agosto próximos. Prevê-se uma forte participação, sob o tema “Caminhando com São Romero para construir a paz”.
A peregrinação nacional terá três etapas: a primeira, que envolverá principalmente a população de San Salvador, a capital, começará com uma missa na catedral metropolitana, onde está o túmulo de Romero, e terminará com uma segunda celebração ecumênica presidida pelo cardeal Gregorio Rosa Chávez no município de San Rafael Cedros, no departamento de Cuscatlán.
A segunda etapa prossegue de San Rafael Cedros e se concluirá em Chapeltique, um município de pouco mais de 10 mil habitantes no departamento de San Miguel.
A terceira e última etapa terá início em Chapeltique e concluirá com a celebração de uma missa de ação de graças na paróquia Beato Oscar Romero de Ciudad Barrios, no dia 4 de agosto.
Enquanto isso, a arquidiocese de San Salvador pediu cinco mil bilhetes para a entrada na Praça de São Pedro no dia da canonização, de tantos que serão os salvadorenhos que chegarão à capital italiana naqueles dias.
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Arcebispo de San Salvador: papa está pensando em visitar o túmulo de Romero - Instituto Humanitas Unisinos - IHU