31 Mai 2018
Vinte e três líderes de diversas denominações assinaram uma 'confissão de fé em tempos de crise' criticando o racismo, o nacionalismo e a misoginia.
A reportagem é de Joséphine Kloeckner, publicada por La Croix internacional, 30-05-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
O documento intitulado “Reclaiming Jesus” (Retornar a Jesus, em português) pede um retorno aos valores de Jesus. Nele se critica o racismo, o nacionalismo e até a misoginia tanto dentro do governo, quanto na Igreja.
"Estamos vivendo tempos de perigo e polarização" disse o bispo Michael Curry em vídeo postado no YouTube.
Como chefe da Igreja Episcopal americana, bispo Curry se pronunciou para alertar a nação. Ele também havia levantado o astral do casamento real de Harry e Meghan com sua homilia sobre o amor.
Ele dividiu o documento com outros 23 líderes cristãos e personalidades que variam de episcopais a Batistas, reformados, metodistas e evangélicos.
O grupo levantou sua voz coletivamente contra "as políticas e práticas de líderes políticos que perigosamente corroem a alma da nação e profundamente ameaçam a integridade pública da nossa fé."
Em sua declaração conjunta, os líderes também condenaram aquilo que descreveram como um clima de deterioração e perigo que ameaça e contradiz os preceitos de Jesus.
Eles convocaram todos os cristãos para um "retorno a Jesus" que se expressa no nome do movimento, “Reclaiming Jesus”.
"Aquilo que acreditamos determina o que devemos rejeitar" diz a declaração. Por seis vezes ela estabelece um valor cristão seguido de uma condenação baseada nele.
"Nós acreditamos que cada ser humano é feito à imagem de Deus", aponta o primeiro tópico.
"Portanto, nós rejeitamos o ressurgimento do nacionalismo branco e do racismo em nossa nação, incluindo os mais altos níveis de liderança política", continua.
Não há dúvida sobre o alvo da referência a "altos níveis de liderança política". Enquanto o nome do Donald Trump não é mencionado uma vez sequer, sua sombra paira sobre cada frase.
Todas as polêmicas de Trump estão presentes, variando de rejeição dos atos misoginia e assédio sexual a condenação da prática e da recorrência da mentira "que está invadindo nossa vida política e civil".
O documento salienta e totalmente rejeita o princípio central de todas as políticas de Trump, caracterizando a filosofia "America First" (América em primeiro lugar, em português) como uma "heresia teológica".
"Enquanto partilhamos um amor patriótico por nosso país, rejeitamos o nacionalismo xenófobo ou étnico que coloca uma nação acima de outras com objetivo político", escrevem os líderes.
A declaração incita a “seguir Jesus, não Trump”, explicou o padre Jim Wallis, presidente e fundador da comunidade cristã progressista, Sojourners, e da revista com o mesmo nome.
O documento repreende com firmeza o Presidente dos EUA. A razão é que suas ações e suas políticas contradizem quase todo o ensinamento de Jesus.
Com efeito, ataca abertamente as opiniões de muitas pessoas, que não hesitaram em fazer uso de sua fé como base para argumentar a favor da Trump.
Em particular, o documento condena o que considera a cooptação política cada vez mais aberrante de todos os tipos de interesses levados a cabo em nome de Jesus.
Colocando-se como líderes morais da nação, os signatários do documento citam Martin Luther King, que proclamou a Igreja como "a consciência do estado", para apoiar sua posição.
Com este espírito, eles se reuniram em retiro na Quarta-Feira de Cinzas, onde elaboraram o documento ”Reclaiming Jesus".
Também foi organizada uma procissão de protesto a Casa Branca no dia 24 de maio.
Eles informam que 2.000 pessoas estiveram presentes na vigília com velas, onde os líderes religiosos leram o documento e rezaram juntos.
"É hora de uma nova confissão de fé. Jesus é o Senhor", disseram.
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EUA. Líderes cristãos se unem contra Trump - Instituto Humanitas Unisinos - IHU