15 Setembro 2017
O Conselho dos nove cardeais que aconselham o papa na reforma da Cúria Romana e no governo da Igreja mundial, o chamado C9, abordou, na sua última reunião, de segunda a quarta-feira passadas, temas como “a Cúria como instrumento de evangelização e de serviço para o papa e para as Igrejas locais”, “a descentralização”, “a seleção e a competência do pessoal, menos clerical e mais internacional, com o incremento de jovens e de mulheres”.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 13-09-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Na tarde de quarta-feira, Francisco recebeu pessoalmente o cardeal Sean O’Malley, membro do C9 e presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, órgão que está concluindo os três anos do seu mandato.
O Papa Francisco “uniu-se ao grupo somente a partir de terça-feira de manhã, após a viagem apostólica à Colômbia, e esteve ausente na manhã dessa quarta-feira para a Audiência geral”, relatou o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Greg Burke.
Na reunião desses três dias, estavam ausentes o cardeal africano Laurent Monsengwo Pasinya e o cardeal australiano George Pell, que se encontra na Austrália para responder no tribunal às acusações de abusos sexuais de menores.
Durante a reunião, houve “uma reflexão sobre os textos do papa relativos à reforma da Cúria, liderada pelo cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga”, relatou Burke, ressaltando que os textos são principalmente os do tradicional encontro natalício com a Cúria Romana, mas também o do consistório de 12 de fevereiro de 2015 e o conhecido discurso sobre a “sã descentralização”, proferido pelo papa por ocasião do 50º aniversário do Sínodo dos Bispos.
“Alguns temas da discussão”, resumiu o porta-voz vaticano, foram “a Cúria como instrumento de evangelização e de serviço para o papa e para as Igrejas locais; a descentralização; o papel das nunciaturas apostólicas; a seleção e competência do pessoal, menos clerical e mais internacional, com o incremento de jovens e mulheres”.
Entre outras coisas, também disse Burke, os sete cardeais refletiram sobre o motu proprio Magnum Principium, publicado na semana passada, sobre a tradução dos textos litúrgicos, que o papa deixou aos episcopados nacionais, em relação às “implicações sobre as tarefas da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos”.
Durante a reunião, foi ouvido Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, “sobre o trabalho do seu dicastério”, e, na tarde de quarta-feira, pronunciou-se o cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a Promoção da Evangelização dos Povos (Propaganda Fide).
As sessões de trabalho “foram dedicadas a um estudo sobre o status das propostas entregues pelo conselho ao Santo Padre para a reforma da Cúria”, disse Burke. O secretário do C9, o bispo de Albano, Marcello Semeraro, explicou em uma recente entrevista à Rádio Vaticano que, “no que diz respeito ao processo de reforma da Cúria Romana, o caminho já tem mais de três quartos: está prestes a se completar”: “Eu acho que, em alguns meses, essa revisão estará mais ou menos completa. Depois, o papa terá à disposição as propostas que dizem respeito a todos os dicastérios e caberá a ele decidir como e quando implementá-las. Neste momento, o papa preferiu uma implementação gradual, fazendo também, de alguma forma, uma espécie de rodagem. Em alguns casos, o papa já interveio para fazer correções, porque, na passagem da teoria para a prática, emergiram exigências de correção. Francisco está seguindo, neste momento, o projeto de uma implementação gradual”.
Durante a reunião desses dias, os cardeais “fizeram uma releitura” dos estatutos do novo dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. A próxima reunião do Conselho dos Cardeais ocorrerá nos dias 11, 12 e 13 de dezembro de 2017.
O cardeal Sean Patrick O’Malley, por sua vez, “atualizou os outros membros do conselho sobre os trabalhos da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores”. O arcebispo de Boston teve uma audiência pessoal com o papa nessa quarta-feira, às 17h. O quirógrafo com o qual Francisco criou essa estrutura, em março de 2014, afirmava que “a comissão é composta por um máximo de 18 membros nomeados pelo Santo Padre por um período de três anos, a menos que seja reconfirmado”, mandato trienal que também diz respeito ao presidente e ao secretário.
Agora, o órgão poderia mudar de composição e de natureza. Uma reunião plenária da comissão, durante a qual ela será examinada, está prevista para os dias 21 a 24 de setembro. De 3 a 6 de outubro, ocorre em Roma, sediado pelo Centro de Proteção dos Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana, um congresso mundial intitulado “Dignidade dos menores no mundo digital”. O congresso concluirá com a “Declaração sobre a dignidade do menor no mundo digital”, que será apresentada ao Papa Francisco.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
C9: uma Cúria menos clerical e mais internacional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU