21 Setembro 2018
Partindo daí Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava, porque estava ensinando seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará”. Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas.
Quando chegaram à cidade de Cafarnaum e estavam em casa, Jesus perguntou aos discípulos: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?”
Os discípulos ficaram calados, pois no caminho tinham discutido sobre qual deles era o maior.
Então Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos”. Depois Jesus pegou uma criança e colocou-a no meio deles. Abraçou a criança e disse: “Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas aquele que me enviou”.
Leitura do Evangelho de Marcos 9,30-37 (Correspondente ao 25º domingo do tempo comum, do ciclo B do Ano Litúrgico).
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Jesus continua a caminho junto aos seus discípulos, e atravessa a Galileia. No trecho que hoje é lido, o evangelista ressalta que Jesus não queria que “ninguém soubesse onde ele estava, porque estava ensinando aos discípulos”.
Jesus está ensinando “no caminho”. Há uma vontade expressa de Jesus de instruir seus discípulos; é preciso que os e as que desejam segui-lo compreendam bem a sua mensagem. Por isso ele dedica-se especialmente a eles.
No texto da semana anterior o evangelista narra o diálogo de Jesus com os discípulos sobre sua identidade e a pergunta que Jesus faz aos discípulos é fundamental: “E vós, quem dizeis que eu sou?” A opinião que eles têm sobre Jesus não corresponde à realidade do messianismo de Jesus. Jesus é um Messias que vai sofrer e que será rejeitado pelas autoridades, e, para os discípulos representados na pessoa de Pedro, isso é inadmissível.
Mas Jesus sabe que é preciso que eles entendam isto. O conflito não se supera com outro conflito senão com a justiça e a verdade. É necessário lutar em favor dos mais necessitados ainda que isso atraia e provoque a rejeição e a morte.
No texto lido hoje, Jesus dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará”.
Os discípulos não compreendem e tinham medo de perguntar-lhe. Do que eles tinham medo? Por que tinham medo? Podemos imaginar uma distância entre Jesus e os discípulos apesar de caminharem juntos. Jesus expõe uma realidade que sabe que não é fácil de compreender e recebe o silêncio dos discípulos.
Ninguém pergunta nada, mas não ficam calados. Entre eles discutem sobre outro assunto que lhes preocupa mais! Quem é o mais importante? Quem é o maior?
Jesus fala de entrega, de doação, de aceitar a morte para ressuscitar e eles disputam sobre a importância que cada um considera que tem no grupo. Eles não compreendem Jesus possivelmente porque estão preocupados pela sua posição dentro do grupo. Cada um deles procurando-se a si mesmo, e por isso também não há boa relação entre eles.
Jesus fica isolado e seu ensino parece em vão. Eles não estão abertos a sua novidade, nem muito preocupados em entender o que significa isso que Jesus está lhes falando. Discutem entre si e temem perguntar a Jesus. Jesus percebe que há desentendimento entre eles e por isso lhes pergunta: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?”
E neste momento eles ficam calados! Não querem revelar o motivo de sua briga, possivelmente porque sabem que não está de acordo com os ensinamentos recebidos de Jesus.
“Então Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: ‘Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos’”.
Num primeiro momento Jesus se senta como acontece com os grandes mestres que ensinam sentados. Ele tem algo muito importante para lhes dizer. Sentado Jesus chama os Doze!
Um novo chamado que lembra o primeiro convite recebido quando conheceram Jesus. Mas agora é um aprofundar mais ainda na sua mensagem, na sua proposta de seguimento. Que significa ser discípulo de Jesus? Como é a relação estabelecida entre os e as que formam uma comunidade de discípulos e discípulas?
Jesus disse claramente: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos”.
O discipulado que Jesus propõe é o contrário das aspirações de poder, de ser o maior. Ser grande é ser servidor de todos sem distinção de pessoas, ser discípulo é servir-se uns aos outros, sem excluir ninguém.
E Jesus continua sua instrução pegando uma criança e colocando-a no meio deles. Por que ele toma uma criança? Nessa época as crianças eram geralmente marginalizadas porque ainda não tinham chegado à idade madura e por isso permaneciam nas suas casas.
Jesus coloca-a no meio, estabelecendo assim um tipo de inter-relação entre eles. Ninguém é centro, ninguém é o maior, nem o menor. Todos fazem parte do mesmo grupo na medida em que o centro de sua vida seja ser pequeno, aberto, livre e, assim como as crianças, não tenha medo em perguntar e abrir-se àquilo que não conhece ou que não entende.
Jesus abraça a criança, identificando-se com ela: “Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas aquele que me enviou”.
Somos convidados a gerar relações de serviço e ajuda mútua sem discriminar pessoas. Ser servidores uns dos outros acolhendo e cuidando dos menores e marginalizados.
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Nova relação de mútua ajuda - Instituto Humanitas Unisinos - IHU