30 Agosto 2018
“O Papa Francisco incomoda. Existem forças obscuras por trás dos ataques. Até mesmo os clérigos têm suas fraquezas e se tornam seus porta-vozes". Sobre D. Luigi Viganò e seu dossiê anti-Bergoglio, o arcebispo de Pescara, Tommaso Valentinetti, estimado e recebido em fevereiro passado pelo Papa Francisco, quer dar sua palavra.
A entrevista é de Virginia Piccolillo, publicada por Corriere della Sera, 29-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
D. Valentinetti, a acusação é pesada. E o papa está amargurado, mas não renunciará. Está correto?
Claro, seria a pior coisa.
O que está acontecendo?
Para um leigo, um Papa que afirma em sua visita pastoral coisas importantes, justamente a respeito do abuso de crianças, e um clérigo que afirma tê-lo advertido sobre os abusos e que ele não se mexeu. A confusão é máxima. Mas o problema é diferente.
Como seria?
Quantas denúncias o Papa recebe? A realidade da Igreja é tão multifacetada que até uma pessoa que tem à disposição os escritórios da cúria precisa de tempo para verificar pelo menos a verossimilhança de uma acusação. Então a intervenção necessária começa. Assim, parece-me que estamos diante de querer dizer coisas gratuitas, apenas para jogar lama na pessoa do Papa.
Mas sobre os padres pedófilos ele fez o suficiente?
Muito, na esteira do que Bento XVI começou.
Eles não deveriam ser presos e excomungados?
Prendê-los cabe a nós só se o crime ocorrer no Vaticano, e isso já foi feito. A excomunhão já está naquele delito contra a humanidade e contra Deus. E o papa está afastando-os.
Eles o acusam de se contradizer.
Porque ele realiza um ministério petrino particularmente profético. Apresenta novamente o evangelho, mas sem ‘se’ e ‘mas’. Sobre a caridade, a justiça, os pobres, o meio ambiente, a família, a misericórdia e o perdão. Isso incomoda. Cria problemas.
Para as “forças obscuras”? Quem são elas?
As grandes finanças, as grandes companhias de petróleo, que querem continuar a explorar a terra sem escrúpulos. Por trás dos ataques, é isso também, estão eles. Por outro lado, as empresas de petróleo ou os grandes administradores das finanças, que não têm escrúpulos de deixar que os pobres passem fome com pesadas dívidas insolúveis, como podem amá-lo?
Mas o ataque vem de um arcebispo.
E você está surpreso? Não eu. Eles têm suas fraquezas. O papa João não foi censurado pelo cardeal Ottaviani? E houve alguém mais contestado do que Paulo VI ou monsenhor Romero, que agora será feito santo?
Eles o acusam de ter feito nomeações erradas.
Mas quem diz isso é muitas vezes algum carreirista que queria aquele lugar. A crítica sempre vem de um determinado ambiente, coincidentemente.
Viganò deveria ser punido?
Você pode se deixar levar pela espiral das contestações ou seguir em frente em paz. E o Papa Francisco é o homem mais feliz da terra: ele come, bebe, dorme, reza e vive seu ministério com muita serenidade.
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"Bergoglio incomoda. Por trás desses ataques há forças obscuras” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU