09 Mai 2017
Seminários e Congressos teológicos: novamente? Sim. Após 45 anos de memórias, surge hoje uma agradável e promissora surpresa: "Colóquios", título expressamente escolhido e praticado no XIII encontro do Instituto Costanza Scelfo, idealizado pela teóloga Cettina Militello com a participação direta das colegas Marinella Perroni e Serena Noceti, evento recentemente realizado na Pontifícia Faculdade Teológica.
A reportagem é de Gianni Gennari, publicada por Avvenire, 06-05-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Marianum" dos religiosos "Servos de Maria", no Colle del Gianicolo. Tema escolhido: "As mulheres e a reforma da Igreja": grande horizonte, vinte séculos de vida e de história.
Após a saudação do Reitor da Faculdade, Padre Salvatore Perrella, na abertura, presidida por Marcello Semeraro, bispo de Albano e secretário do "C9- Conselho dos Cardeais" indicado pelo Papa Francisco, o próprio Semeraro lembrou o longo caminho das diversas culturas masculinas e machistas - antes pagãs, depois cristãs e até mesmo anti ou pós-cristãs - em que as mulheres, com atrasos e contratempos inclusive nas realidades eclesiais, não foram reconhecidas na plena e fecunda paridade preanunciada e vivida por Jesus no seu "diálogo" contínuo e singular com as mulheres. Seguiram-se relatórios e comunicações sobre quatro temas, "Sonhando a reforma", "Reforma na Igreja", "Reformas para a Igreja" e "Reformas da Igreja". Foram grandes temas tratados por mulheres, e até por homens da Igreja e Igrejas com relações ricas de estímulos e pró-vocações, no verdadeiro e positivo sentido do termo, aos quais sucederam-se os "colóquios" abertos aos participantes convidados ao diálogo ativo e concreto sobre os temas individuais: homens e mulheres de fé e ciência.
Recordar de todos os temas e palestrantes no espaço deste breve relato é impossível, mas a atmosfera vivida na circunstância é o ponto em que a minha "memória" dos vários Congresso e Seminários teológicos - do ATI (Associação Teológica Italiana) ao Atism (Associação Teológica Italiana para o Estudo Moral), do Sae (Secretaria de Atividades Ecumênicas) ao arqueológico "Cir" (Centro para a Informação religiosa) criado no clima do Concílio Vaticano II – sentiu-se prazerosamente provocada.
De forma sucinta e desculpando-me por incorrer em eventual rispidez, a diferença básica entre este "Colóquio" e os muitos Seminários e Congressos teológicos que o antecederam, reside no fato de que estes últimos pareceram-me, com seus participantes carregados de livros, quase como uma biblioteca, levando sobre seus ombros citações do "Denzinger-Schoenmetzer", referências a inúmeros "anatema sit" vistos em positivo ou negativo, vários Catecismos e Códigos de Direito Canônico em contraposição, e até mesmo advertências de autoridade "superiores" de que era preciso lembrar esse ou aquele ponto da doutrina, seguir uma prática eclesiástica prudente, e tudo sem muita informação para a imprensa, aliás, de preferência, nenhuma.
Esta é a memória pessoal que guardo de tantos outros Congressos, também documentada com episódios acalorados e que agora podem até causar riso, fato que em sua época não era possível acontecer.
Onde está, portanto, a novidade presente neste "diálogo", tão feminino, mas sem exclusivismos vingativos ou reivindicações para impor esquemas generalizados, talvez com crivo preventivo para garantir a inocuidade dos "conteúdos" para o "contentor" Igreja, concretamente instituída, toda masculina e (quase) toda prudentemente alertada de antemão para se prevenir contra novidades e reviravoltas? Desta vez, pareceu-me que a linguagem, a participação e a comunicação carregavam sobre seus ombros, bem-assentadas e usadas com serena distinção, duas referências substanciais e persistentes, o Evangelho e o Concílio Vaticano II, à luz de uma verdadeira "reforma" da Igreja a vir e com o horizonte claramente vivido e alegremente acolhido pelo tempo do papa Francisco.
Sobre a "reforma" da Igreja, ele tem falado sem hesitação (EG 32) “conversão do papado" – não é conversão deste ou daquele papa, de São Pedro em diante (Ndr) - que remete a uma autêntica "conversão" de muitas coisas que não estão em sintonia com o Evangelho e com o Concílio Vaticano II.
Um "Colóquio", portanto, iluminado por esses dois focos, Evangelho e Vaticano II, torna-se vivo também nas conclusões fortes das suas promotoras, expressas entre realismo e esperança pela professora Militello. É muito, e poderia ser tudo, e cabe pensar e esperar que as mulheres estejam presentes com uma nova postura - talvez ainda só "in nuce" - neste tempo de pontificado que tem muito "diálogo" e também valorização do "feminino" como no Evangelho: de Maria, a mãe onde tudo inicia, à Maria de Magdala, primeiro arauto do Cristo ressuscitado aos apóstolos, homens de um mundo masculino que naquele momento, e mesmo outras vezes depois, demoraram em perceber a presença daquele que venceu a morte ... Uma bela experiência: vale a pena o seu registro.
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Colóquios femininos que fazem a Igreja crescer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU