Por: Marilene Maia e Guilherme Tenher | 05 Abril 2019
Dados da região acerca da incidência de sífilis em gestantes apontam uma realidade alarmante. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, houve um aumento de 840% no número de casos no período de 2008 a 2017. Essa variação se encontra acima dos registros estaduais e nacionais.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil vive uma epidemia de sífilis. A infecção pode ser transmitida sexualmente e põe em risco não apenas quem a possui, mas também o bebê se a paciente for gestante. Para esse caso específico, a doença é chamada de sífilis congênita. Nela, há um “amplo espectro de gravidade, que varia desde a infecção não aparente no nascimento até os casos mais graves, com sequelas permanentes ou abortamento e óbito fetal, com mortalidade em torno de 40% nas crianças infectadas”, informa o Ministério.
Para evitar a propagação da doença, recomenda-se o acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais. Por isso, é importante que os testes e exames sejam feitos o quanto antes, preferencialmente nos primeiros três meses de gestação. Caso o resultado dê positivo, o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde - SUS.
Seguem abaixo mais informações acerca desta realidade na saúde pública do país, estado e Região Metropolitana de Porto Alegre entre os anos de 2008 e 2017.
Dados nacionais acerca da incidência de sífilis em gestantes apontam uma realidade alarmante. No Brasil, houve um aumento de 571% no número de casos no período de 2008 a 2017. Em 2008 havia 7.306 registros, ao passo que no ano de 2017 este número saltou para 49.028.
Ao longo dos anos, nota-se que as mulheres entre 20 e 29 anos representam mais da metade dos casos de sífilis congênita, sendo 53% em 2017. Ademais, observa-se um aumento da taxa percentual de representação de gestantes entre 15 e 19 anos, passando de 18% em 2008 para 26% em 2017. É importante mencionar o salto de 591% no número de casos nas gestantes entre 10 e 14 anos, isto é, 88 registros em 2008 para 608 em 2017.
O estado apresentou uma tendência de crescimento relativamente maior que a do país nos registros de sífilis congênita. Se comparados os anos de 2008 e 2017, houve um aumento de 831%. Em termos absolutos, observa-se que o número de casos passou de 382 no primeiro ano de análise para 3.557 em 2017.
Gestantes entre 20 e 29 anos representaram metade dos casos de sífilis congênita contabilizados no estado, chegando a 54% em 2017. Em seguida, jovens grávidas com idade entre 15 e 19 anos representaram 24% dos casos para o mesmo ano. Mulheres entre 30 e 39 anos possuem 1/4 de representação do total de pacientes no último ano de análise.
A região possuía um registro de 167 casos de sífilis congênita no ano de 2008. Em 2017, este número saltou para 1.570 casos. Isso significa que neste período houve um aumento de 840% no número de gestantes com sífilis.
Os municípios de Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Sapucaia do Sul, Alvorada, Viamão e Gravataí registraram 1.280 casos de sífilis congênita no ano de 2017. Esses oito municípios representaram 36% dos casos contabilizados no estado no mesmo ano.
A maior incidência de sífilis para o período de 2008-2017 ocorreu nas gestantes com idade entre 20 e 29 anos, sendo a faixa etária com maior número de casos dentre os municípios analisados. Em seguida, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul apresentaram alto número de pacientes de 30 a 39 anos. Já Porto Alegre, Alvorada, Viamão e Gravataí possuíam mais gestantes com idade entre 15 e 19 anos.
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Região Metropolitana de Porto Alegre. Número de gestantes com sífilis aumentou 840% na última década - Instituto Humanitas Unisinos - IHU