Organizações de MT denunciam ofensiva política contra homologações de Terras Indígenas

Foto: CIMI

Mais Lidos

  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS
  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

24 Novembro 2025

Organizações socioambientais e movimentos sociais do estado do Mato Grosso denunciaram uma ofensiva coordenada pelo governador Mauro Mendes (União Brasil) e de parlamentares aliados contra as quatro Terras Indígenas homologadas nesta semana. Segundo as entidades, as declarações feitas por autoridades estaduais distorcem informações, buscam legalizar práticas de grilagem e usam direitos constitucionais como ferramenta de confronto político com os povos originários.

A reportagem é de Karina Pinheiro, publicada por ((o))eco, 22-11-2025.

A narrativa disseminada pelo governo estadual de que as homologações representariam “ampliação” de Terras Indígenas, é classificada como uma “mentira deliberada”. As TIs Manoki, Uirapuru e Estação Parecis já haviam concluído todas as etapas legais há anos, incluindo identificação, contraditório e demarcação física. A homologação, afirmam as entidades, apenas formaliza um direito previamente reconhecido. “Mentir sobre isso é fomentar conflito, incentivar violência e produzir racismo ambiental como estratégia política”, diz a nota divulgada na última quinta-feira (21).

As organizações também rebatem o discurso que apresenta Terras Indígenas como entrave ao desenvolvimento. Para elas, esses territórios são fundamentais para a estabilidade climática de Mato Grosso, atuando como sumidouros de carbono, reguladores do regime hídrico e guardiões de alta biodiversidade. Estudos recentes sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em TIs reforçam que registros usados como prova de ocupação legítima são, na verdade, instrumentos de grilagem mantidos pelo Estado. Além disso, a instabilidade fundiária favorece a atuação de organizações criminosas envolvidas em garimpo, tráfico e desmatamento.

Ao contestar o uso da tese do marco temporal, as entidades lembram que o Superior Tribunal Federal (STF) já a declarou inconstitucional e que não há impedimentos para homologações. Para elas, a ofensiva contra as Terras Indígenas representa um ataque direto ao futuro do estado. “Atacar Terras Indígenas é atacar a água, a biodiversidade e a vida de toda a população.”

A nota de repúdio é assinada por 19 organizações mato-grossenses, entre elas Formad, Observa-MT, OPAN, ICV, CIMI-MT, MST-MT, CPT-MT e CUT-MT.

Leia mais