Resistir à tempestade. Artigo de Michele Serra

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07 Fevereiro 2025

"Segurança interna, Defesa e pouco mais, é isso que continuará a ser público e financiado no país de Trump: um Estado armado, e o restante - saúde e educação, em primeiro lugar - será acertado pelos cartões de crédito de quem pode, e quem não pode que se vire porque a mamata acabou, como diria o trumpista de casa", escreve Michele Serra, jornalista, escritor e roteirista italiano, em artigo publicado por La Reppublica, 04-02-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

“Um bando de radicais lunáticos”, de acordo com Trump, “um ninho de vermes”, de acordo com Musk. Eles se referem à Usaid, a agência estadunidense fundada em 1961 por John Kennedy para ajudar os países pobres. “A Usaid deve morrer”, tuitou o presidente em sua gíria de gângster (ele fala grosso: é hora de falar grosso com ele também). A Usaid é um dos muitos ramos a serem cortados, um ramo particularmente odioso para os novos senhores dos Estados Unidos porque tem o DNA do solidarismo e da cooperação internacional.

Segurança interna, Defesa e pouco mais, é isso que continuará a ser público e financiado no país de Trump: um Estado armado, e o restante - saúde e educação, em primeiro lugar - será acertado pelos cartões de crédito de quem pode, e quem não pode que se vire porque a mamata acabou, como diria o trumpista de casa.

Pensei nos funcionários da Usaid, metade dos quais deve ser de burocratas preguiçosos, a outra metade de pessoas apaixonadas e competentes tentando ajudar o próximo. Imagino seus sentimentos quando seu presidente, como um imperador mostrando o polegar para baixo, anuncia a morte não apenas e não tanto de seu trabalho, mas de seu empenho, de suas ideias, de sua história, que também é uma das muitas peças nobres da história estadunidense.

Trump e Musk querem arrasar qualquer instituição, nacional e internacional, que tente manter vivas palavras e obras de cooperação e paz. OMS, Fao, Unesco, OGMs de todos os tipos, solidarismo cristão, voluntariado laico, qualquer coisa que cheire a gentileza, a supranacionalidade, a um exercício operacional de fraternidade, é seu inimigo. Em muitas salas, mobiliadas de forma muito diferente de Mar-a-Lago, mulheres e homens de boa vontade estão tentando descobrir como resistir à tempestade. Eles são, por enquanto, a única verdadeira oposição a Trump.

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