25 Novembro 2024
Em meio à escalada do conflito com a Ucrânia, o presidente russo negocia a paz com o presidente da Turquia no mesmo dia em que dezenas de drones voam em direção a Kiev.
A reportagem é publicada por Página/12, 25-11-2024.
As defesas antiaéreas ucranianas interceptaram este domingo mais de uma dezena de drones russos, lançados sobre Kiev, nas primeiras horas de um dia marcado por múltiplos ataques noutras zonas do país. No mesmo dia, o presidente russo, Vladimir Putin, conversou com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, para discutir a cooperação econômica e o avanço dos processos de paz em meio à escalada do conflito.
Ataque noturno
“Ontem à noite, as Forças Armadas russas atacaram novamente a capital da Ucrânia com veículos aéreos não tripulados. O alerta aéreo na cidade durou mais de 3 horas”, escreveu no Telegram o chefe da Administração Militar Regional de Kiev, Sergey Popko. Segundo o responsável, as defesas antiaéreas detectaram e neutralizaram “mais de uma dezena de drones que ameaçavam a capital”, pelo que não foram causados quaisquer danos pessoais ou materiais.
No total, as defesas aéreas da Ucrânia abateram 50 drones Shahed iranianos e outros tipos de veículos aéreos não tripulados lançados da Rússia durante a noite, informou a Força Aérea Ucraniana. Os dispositivos foram derrubados nas regiões de Kiev, Cherkasi, Kirovograd, Chernigiv, Sumi, Poltava e Zhitomir.
Reunião bilateral
Após o frustrado ataque matinal, o líder do Kremlin manteve uma conversa com Erdogan, onde deliberaram sobre “assuntos internacionais”. Ambos os líderes, que partilham posições em relação a conflitos como o Oriente Médio, falaram por telefone no meio de um dia agitado.
Por seu lado, a presidência turca destacou que Erdogan pretendia “melhorar a cooperação em diferentes áreas” e afirmou que “a Turquia continuará a participar nos esforços para acabar com as tensões na região e nos processos de paz”. Os dois líderes discordam sobre o conflito na Ucrânia, embora a posição turca não seja semelhante à da oposição OTAN, e, de fato, criticaram a autorização ocidental.
Putin tinha assinado este sábado uma lei que perdoa dívidas a novos recrutas do Exército russo que se alistem para lutar na Ucrânia, segundo um site do Kremlin. A lei prevê o perdão de até 10 milhões de rublos (US$ 95.835) em atraso para aqueles que assinarem contratos com o Ministério da Defesa para lutar na Ucrânia por pelo menos um ano, a partir de 1º de dezembro.
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