Kamala adota cautela e deixa clima em 2º plano na campanha eleitoral nos EUA

Mais Lidos

  • Cristo Rei ou Cristo servidor? Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Dois projetos de poder, dois destinos para a República: a urgência de uma escolha civilizatória. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Desce da cruz: a sedução dos algoritmos. Comentário de Ana Casarotti

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

23 Agosto 2024

A vice-presidente democrata tenta ampliar o apelo de sua candidatura à Casa Branca e evitar “armadilhas climáticas” consideradas impopulares entre eleitores independentes e republicanos anti-Trump.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 23-08-2024.

A questão climática segue sendo um grande diferencial em favor da candidatura da vice-presidente Kamala Harris à sucessão de Joe Biden nos EUA. Diferentemente de seu rival republicano, o ex-presidente (e negacionista climático) Donald Trump, Harris tem um histórico de preocupação e iniciativas nessa agenda.

Curiosamente, ao menos até aqui, Harris e seus aliados democratas exibiram essas credenciais verdes de forma cautelosa, sem chamar muito a atenção. Na convenção do partido finalizada nesta 5ª feira (22/8) em Chicago, a temática ficou reservada a comentários genéricos e sucintos, sem detalhes de propostas políticas para o enfrentamento da crise climática.

Outra curiosidade é a reação de grupos ambientalistas e de militantes climáticos. Se em 2020 eles exigiram detalhes e clareza sobre as propostas dos pré-candidatos democratas à presidência dos EUA, quatro anos depois a abordagem é completamente diferente e muito mais cooperativa em relação às estratégias eleitorais da candidatura democrata.

O que explica essa situação? A realidade política da corrida presidencial de 2024. Como o NY Times e o Washington Post abordaram, Harris e aliados buscam reconstruir a “frente ampla”, por assim dizer, de grupos políticos e sociais que viabilizaram a vitória de Biden há quatro anos. Alguns têm uma ambição ainda maior: recuperar a coalizão política costurada por Barack Obama em 2008 e 2012.

Para que isso aconteça, ao menos na visão dos democratas, o partido precisa ampliar sua interlocução com setores do eleitorado norte-americano que não costumam ser receptivos a discussões climáticas mais profundas, em especial entre os independentes e os republicanos anti-Trump, que podem definir a eleição de novembro.

As próprias organizações climáticas parecem ter adotado a mesma abordagem. A Axios noticiou que os anúncios publicitários pró-Harris que grupos ambientalistas estão financiando não mencionaram mudanças climáticas ou aquecimento global. A ideia é reformatar o debate sobre clima dentro de termos mais populares, como geração de empregos e redução do custo de vida.

Isso não significa que a questão climática deixou de ser uma prioridade de Harris e dos democratas. A Bloomberg destacou a fala de Ike Irby, conselheiro-sênior da vice-presidente, que reiterou o compromisso da candidata democrata com uma “ação ousada” contra as mudanças climáticas. Além de ampliar a geração de energia renovável e a redução das emissões de gases estufa, Harris também trabalhará para “responsabilizar os poluidores” – leia-se empresas de combustíveis fósseis.

A sinalização de Harris é bem-vista entre ativistas climáticos e ambientalistas, que enxergam em sua candidatura uma oportunidade histórica para consolidar as ações climáticas iniciadas pela gestão Biden. O Guardian abordou as expectativas desses grupos para as próximas semanas de campanha eleitoral nos EUA.

Leia mais