Petróleo da morte: como a indústria de combustíveis fósseis alimenta a guerra em Gaza

Foto: Canva Pro | Getty Images

21 Agosto 2024

Nova análise revela como empresas e governos petrolíferos estão apoiando o esforço de guerra de Israel em Gaza, que matou mais de 40 mil pessoas.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 21-08-2024.

Governos e empresas de países signatários da Convenção da ONU sobre o Genocídio estão alimentando o esforço de guerra de Israel na Faixa de Gaza, inclusive com o fornecimento de combustíveis fósseis para essa operação de destruição. A conclusão é de uma nova pesquisa divulgada nesta 3ª feira pela Oil Change International.

De acordo com a análise, empresas petrolíferas privadas e de capital aberto forneceram coletivamente mais de 2/3 de todo o petróleo consumido por Israel em março passado. Desse total, metade foi vendida pelas grandes empresas do setor fóssil, vulgo Big OilChevron, BP, ExxonMobil, Shell, Eni e TotalEnergies.

Entre 21 de outubro de 2023 e 12 de julho de 2024, a pesquisa identificou 65 remessas de petróleo bruto e produtos petrolíferos refinados a Israel. Mais da metade dessas remessas (54%) partiram de seus portos de origem, depois de 26 de janeiro passado, quando o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) opinou que Israel pode estar cometendo crime de genocídio em Gaza.

Entre os países fornecedores de petróleo a Israel, está o Azerbaijão, futuro anfitrião da COP29 de Baku, responsável por 28% do suprimento de petróleo bruto por meio do oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), operado pela BP. Itália, Albânia, Grécia e Gabão também se destacam entre os principais vendedores de petróleo a Israel.

Outro fornecedor é o Brasil, responsável por 9% do suprimento desde o início da guerra, o 4º maior de Israel. A maior parte do fornecimento, no entanto, é feita por meio de Shell e TotalEnergies. Um dos apelos da Oil Change International é de que o governo brasileiro restrinja a comercialização de combustíveis com Israel.

Ao Guardian, um porta-voz da Presidência da República afirmou que as negociações de combustíveis fósseis são realizadas diretamente pelo setor privado, de acordo com as regras do mercado. “Embora a posição do governo sobre a atual ação militar de Israel em Gaza seja bem conhecida, a posição tradicional do Brasil sobre sanções é não aplicá-las ou apoiá-las unilateralmente”, explicou.

Em tempo: Mais de mil sobreviventes de desastres climáticos nos EUA ingressaram com um pedido conjunto de investigação contra as grandes empresas de combustíveis fósseis do país por conta de crimes cometidos contra o clima global. A carta, organizada pelos grupos Chesapeake Climate Action e Public Citizen, pede ao Departamento de Justiça norte-americano que averigue a responsabilidade do Big Oil por ações de desinformação pública e pressão política sobre agentes governamentais para evitar restrições ao setor.

“Sobrevivemos a furacões, inundações, calor extremo, incêndios e outros perigos que impactam nossas vidas com mais frequência e intensidade devido às mudanças climáticas”, destacou a carta. “Embora nossas histórias e experiências sejam diversas, a má conduta da indústria de combustíveis fósseis é uma linha consistente”.

Euronews e Guardian deram mais detalhes.

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