Eleições na França: extrema direita lidera primeiro turno com 34% dos votos e união da esquerda fica com 28%

Marine Le Pen, líder de extrema direita, vota em eleição ao Parlamento Francês (Foto: RN | Marine Le Pen)

Mais Lidos

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

01 Julho 2024

Em um primeiro turno de participação histórica dos franceses, o partido Reunião Nacional, de extrema direita, saiu na frente, conquistando 34% dos votos, segundo as primeiras estimativas.

A reportagem é publicada por RFI, 30-06-2024.

A Nova Frente Popular, união dos partidos da esquerda, ficou em segundo, com 28,5% dos votos. Já o grupo do presidente Emmanuel Macron chegou em terceiro, com 20,05% dos votos. Com isso, a primeira definição é que Gabriel Attal não será mais primeiro-ministro e o presidente terá de governar com um opositor político.

O partido conservador Os Republicanos e aliados obteve 10,2% dos votos.

A participação dos franceses foi histórica, cerca de 65,5% dos eleitores comparecerem às urnas, a maior dos últimos 40 anos.

Diante dos primeiros resultados, as projeções indicam que o partido Reunião Nacional pode obter entre 230 e 280 cadeiras na Assembleia Nacional. Para ter maioria absoluta é preciso ao menos 289 cadeiras.

Segunda maior força do parlamento, segundo os resultados das urnas, a Nova Frente Popular pode atingir entre 125 e 165, enquanto o Juntos para a República, liderado pelo partido Renascimento e outros aliados do presidente Macron, teria entre 70 e 100 cadeiras.

Reações

Após o anúncio das primeiras estimativas, a líder do partido Reunião Nacional (RN), Marine Le Pen, falou aos apoiadores na sua zona eleitoral, no departamento de Pas-de-Calais (norte da França). Ela agradeceu a participação dos franceses que, segundo ela, demonstraram uma "vontade de virar a página". No entanto, ela lembrou que é preciso não antecipar a vitória.

"Nada está ganho e o segundo turno será determinante", disse ela, lembrando que a disputa do RN será contra a união da esquerda.

Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, que integra a Nova Frente Popular, disse que o resultado mostra a insatisfação da população com o governo de Emmanuel Macron. Ele também convocou o centro e a esquerda a se unirem contra a vitória da extrema direita no segundo turno e lembrou: "O que é certo agora é que Gabriel Attal não será mais primeiro-ministro", destacou.

Mélenchon disse ainda que, para barrar a extrema direita e evitar a divisão dos votos, a Nova Frente Popular vai retirar sua candidatura nas zonas eleitorais em que o partido ficar em terceiro lugar.

Segundo turno decisivo

O primeiro-ministro, Gabriel Attal, disse que os franceses devem fazer tudo para evitar que o RN conquiste a maioria dos assentos na Assembleia. Por isso, ele, assim como Mélenchon, anunciou que o grupo presidencial vai retirar a candidatura de seus candidatos nas zonas em que eles figurarem em terceiro lugar.

"A extrema direita está nas portas do poder. Nunca a nossa democracia esteve tão ameaçada. Por isso, temos o dever moral de impedir esse projeto funesto para proteger a República e os nossos valores", disse.

Votação histórica

Os franceses votaram em massa neste domingo. A participação dos eleitores foi de 65,5%, num país em que o voto é facultativo, o número representa 20 pontos percentuais a mais que nas eleições de 2022, segundo o Ministério do Interior. Quase 50 milhões de pessoas foram às urnas, registrando a participação mais alta desde o primeiro turno das legislativas de 1981 (70,86%).

A grande adesão da população demonstra a polarização política que divide o país e a relevância da disputa, que é o tema mais debatido no país desde a dissolução da Assembleia Nacional pelo presidente Emmanuel Macron há três semanas.

O resultado das legislativas será anunciado após o segundo turno, marcado para 7 de julho.

Leia mais