08 Junho 2024
Pastores e lideranças luteranas reunidas em Kiev com bispos e lideranças ortodoxas de igrejas da Ucrânia expressaram repulsa contra a narrativa de “guerra santa” apoiada pela Igreja Ortodoxa Russa para justificar a invasão em terras ucranianas. “Observamos com grande preocupação como uma igreja apoia uma ideologia genocida. Como podemos neutralizar a instrumentalização da religião?” – indagou o arcebispo maior Svyatoslay Shevchuk, chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana.
A reportagem é de Edelberto Behs.
“Enormes meios estão sendo usados para espalhar essa narrativa”, disse o pastor Anatoly Racjchinets. Para legitimar a violência, se uma igreja aprovar a invasão, isso prejudicará a reputação de todas as comunidades religiosas na sociedade ucraniana altamente secularizada, alegaram representantes do Conselho Ucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas.
O arcebispo Shevchuk frisou que a guerra é uma tragédia terrível. “Não apenas um teste para o indivíduo, mas para a sociedade como um todo. Desde o início da guerra, as pessoas têm reavaliado tudo: as suas relações com a sociedade, com as suas famílias e até com Deus”.
O vice-diretor da Sociedade Bíblica Ucraniana, reverendo Anatoly Rajchinets, lembrou que “em tempos de escuridão, as igrejas são uma luz de esperança”. Ele frisou que as comunidades religiosas da Ucrânia estão utilizando “os seus recursos, os seus edifícios e as suas ligações” para ajudar as pessoas necessitadas. Ele aplaudiu o apoio recebido da Federação Luterana Mundial (FLM) e pelo seu trabalho humanitário no país.
Svyatoslay agradeceu as igrejas membros da FLM na Europa pela hospitalidade no acolhimento de refugiados ucranianos. Também agradeceu a visita dos representantes luteranos a um país em guerra. “Eles nos mostram, em nossos momentos de necessidades, o que é a verdadeira amizade”, expressou.
Viajaram a Kiev, no final de maio, o presidente da FLM, bispo Henrik Stubkjaer, e a secretária geral, pastora Anne Burghardt, informou o serviço de imprensa do organismo ecumênico mundial.
Já o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em nota assinada pelo seu secretário geral, pastor Jerry Pillay, condenou o ataque de mísseis russos a uma loja de ferragens em Kharkiv, que resultou em 14 mortos e 40 feridos. “A Rússia está dando um exemplo terrível na sua violação irregular de alguns princípios mais fundamentais do direito humanitário internacional, um exemplo que está sendo seguido num número tragicamente crescente de contextos, incluindo Gaza e o Sudão”, apontou Pillay.
Além de apelar mais uma vez a um cessar-fogo, o líder ecumênico afirma que o CMI “partilha com todas as pessoas de boa vontade a esperança determinada de que haverá responsabilização por todas essas violações e justiça para as vítimas desses crimes”.
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Líderes ortodoxos e luteranos contestam a “guerra santa” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU