25 Abril 2024
O alto representante insta a continuar financiando a UNRWA após o relatório que concluiu que Israel não apresentou provas que sustentassem suas acusações contra alguns trabalhadores que ele vinculou aos ataques do Hamas.
A reportagem é de Irene Castro, publicada por El Diario, 23-04-2024.
Não podemos dizer que se trata apenas um problema humanitário. É também político. Precisamos buscar uma solução política baseada na solução de dois estados. Se alguém não acredita nessa solução, tem que nos dizer qual é a alternativa. Se não querem que os palestinos tenham seu próprio estado para viver em paz e segurança ao lado de Israel, têm que dizer qual outra solução têm em mente para garantir a paz, a prosperidade e a segurança para esses dois povos que por muito tempo lutam pela mesma terra. Essa foi a declaração do alto representante, Josep Borrell, em um debate no Parlamento Europeu no qual não mencionou explicitamente Benjamin Netanyahu, que se recusou a aceitar essa proposta que está até mesmo escrita nas resoluções da ONU.
Borrell reiterou a posição consensual da UE de exigir a libertação dos reféns capturados pelo Hamas, implementar uma pausa humanitária que leve a um cessar-fogo permanente e avançar em direção à solução de dois estados, ao mesmo tempo que alertou para a necessidade de evitar uma operação massiva em Rafah, que ele repetiu ser "catastrófica" devido ao 1,3 milhão de pessoas nas ruas com "plástico sobre suas cabeças como escudo".
Ele também apelou para a necessidade de manter o apoio à UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos, e se baseou no relatório elaborado pela ex-ministra francesa de Assuntos Exteriores Catherine Colonna, que afirma que Israel continua sem fornecer provas que vinculem os trabalhadores da UNRWA apontados por supostos vínculos com os ataques do Hamas.
O porta-voz do PP, Antonio López Isturiz, reclamou que "Israel seja acusado de ser um Estado genocida que mata trabalhadores humanitários" e defendeu que Israel mostrou "responsabilidade e arrependimento".
O eurodeputado do Vox, Herman Tersch, aproveitou sua intervenção para fazer um discurso xenófobo. "No Ocidente, conseguimos que as ruas estejam cheias de imigrantes, de islâmicos, gritando que querem destruir Israel, que querem a Palestina do rio ao mar, ou seja, liquidar Israel". É o que conseguimos como reação a essas acusações infundadas a Israel", disse, apesar de mais de 34.000 palestinos terem sido mortos em Gaza. Ele também acusou Borrell de estar "protegendo o Irã".
"O que a União Europeia não está fazendo está sendo feito por mais de 1.000 ativistas em Istambul, que vão sair na frota da liberdade para levar mais de 5.000 toneladas de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, mas estão impedidos lá porque Israel disse que os atacará", alertou o eurodeputado Manu Pineda, que perguntou se a União Europeia "fará algo para proteger os 500 europeus que estão nessa frota".
"Israel é um tumor no Oriente Médio que está se espalhando, quer transformar esse genocídio em um conflito regional para desviar o foco, para que não falemos de genocídio, mas de uma guerra entre judeus e árabes", declarou Pineda, que reclamou das sanções contra o Irã pelo ataque a Israel, lembrando que Israel atacou primeiro seu consulado em Damasco. A afirmação sobre o câncer provocou a reclamação da eurodeputada progressista sueca Abir Al-Sahlani, que pediu ao Parlamento Europeu que investigasse se era um discurso antissemita. A presidente disse que será investigado.
As forças progressistas pediram a revisão do acordo comercial com Israel devido às violações do direito internacional. "Vamos falar sobre sanções ao governo de Israel e estabelecer uma relação diplomática mais restritiva", pediu o parlamentar espanhol César Luena. "O massacre de outubro não deveria ter acontecido, mas também não essa guerra contra Gaza", disse o parlamentar da ERC Jordi Solé, que considera que os "crimes de guerra" de ambas as partes deveriam ser investigados.
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Borrell sobre Netanyahu: “Se você não quer que os palestinos tenham seu próprio Estado, você precisa dizer qual solução tem em mente” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU