14 Julho 2023
“Como podemos ser Igreja?” perguntou a representante da Igreja Episcopal Metodista Africana nos Estados Unidos, pastora Jennifer Leath, ao mencionar as atrocidades cometidas pelos “civilizados” colonizadores contra povos indígenas no país.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Como podemos ser igreja?” enquanto cristãos americanos “lutam com a dissonância de um amadurecimento do nacionalismo militarista cristão que nos polariza”, prosseguiu Leath. O racismo, disse a pastora, “é dolorosamente mais refletido na cultura antinegra dos Estados Unidos e na cultura anti-indígena no Canadá”.
O combate ao racismo foi identificado como um dos desafios mais significativos enfrentados pelas igrejas dos Estados Unidos e do Canadá, que expressaram essa angústia, como região, ao Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunido em Genebra de 21 a 27 de junho.
A presidente do CMI na Região América do Norte, pastora Dra. Angelique Walker-Smith, lembrou que a Ilha da Tartaruga, como os Estados Unidos eram denominados pelos indígenas, foi povoada pelo menos 15 mil anos antes da chegada do colonizador europeu. Quando Cristóvão Colombo chegou à América, existiam pelo menos 1 mil idiomas entre a população autóctone. “Durante o declínio e o ataque sistemático à população indígena, muitas dessas línguas foram extintas”, lamentou.
Leath denunciou que “mais de 12 milhões de indígenas foram massacrados e suas terras roubadas. Entre as crescentes comunidades colonizadoras, a busca obsessiva e avassaladora do empreendimento capitalista supera qualquer pretensão de narrativas de liberdade religiosa”, frisou.
“Essa história assombra nossa casa e seus habitantes. Por isso, não é surpresa que o racismo tenha sido identificado como o maior desafio enfrentado por nossa região”, disse Leath, segundo informação do Serviço de Imprensa do CMI.
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Racismo, uma ferida aberta na América do Norte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU