03 Mai 2023
“Depois da nossa visita à Diocese de Pequim, esperamos continuar este caminho de sinodalidade, não só com os esforços humanos, mas também sob o impulso do Espírito Santo; confiando-nos ao Espírito Santo que une... Precisamos caminhar uns com os outros com boas intenções, e este é um bom começo. O caminho é longo e devemos continuar a discernir”. Assim se manifestou o bispo de Hong Kong, Stephen Chow Sau Yan, jesuíta, expressando a sua gratidão à diocese de Pequim após a sua recente visita, durante a qual manifestou a esperança de que as duas dioceses continuem a caminhar juntas com amor recíproco e na complementaridade dos dons.
A delegação da diocese de Hong Kong – o Bispo Chow, o bispo auxiliar Joseph Ha Chi-Shing e o vigário geral, pe. Peter Choy Wai-man – visitou a diocese de Pequim de 17 a 21 de abril a convite do bispo de Pequim, Joseph Li Shan, presidente da Associação Patriótica. Foi a primeira visita oficial de um bispo de Hong Kong à diocese de Pequim desde a época do cardeal Giovanni Battista Wu Cheng-chung (1994).
A reportagem é de Alberto Rossa, publicada por Settimana News, 30-04-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A viagem foi a insígnia do espírito de busca das raízes e de espaços para caminhar juntos. Bispos e sacerdotes de ambas as dioceses lançaram as raízes da Igreja na China a partir do exemplo missionário do venerável Matteo Ricci.
Durante o encontro, os dois bispos presentearam um ao outro uma obra caligráfica na qual, por coincidência, escreveram o tema do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade em chinês. A caligrafia de Pequim apresentava os caracteres 同道偕行 ("caminhar juntos na mesma trilha"), enquanto aquela de Hong Kong reportava 共議同行 ("conversar e viajar juntos"), testemunhando uma sincera aceitação do espírito de sinodalidade promovido por Francisco.
Após seu retorno a Hong Kong, o bispo Chow expressou a esperança de que a diocese de Hong Kong e as dioceses da China continental estabeleçam relações duradouras de ajuda mútua. O bispo Li respondeu positivamente ao convite para visitar Hong Kong e convidou o bispo Chow para visitar outras dioceses da China continental.
A visita a Pequim começou com um encontro de oração pela beatificação do Pe. Matteo Ricci na Catedral do Santíssimo Salvador [Igreja do Norte] em 17 de abril, durante o qual os membros do coro, vestidos com trajes tradicionais Han, conduziram os fiéis na oração pela Igreja na China, por intercessão do Padre Ricci. Na manhã de 19 de abril, a delegação de Hong Kong prestou homenagem ao túmulo de Ricci e outros missionários.
"Como jesuíta e bispo da diocese de Hong Kong, fiquei encantado diante dos túmulos do Pe. Ricci e de outros irmãos jesuítas. Eles abriram o caminho para nós em tempos difíceis, para que aqueles que vierem depois sintam o apelo para um forte empenho pessoal", afirmou Chow, acrescentando que em seu primeiro livro escrito em chinês, Jiaoyou Lun [Sobre a amizade], Matteo Ricci incentivava a construção de relações sinceras e igualitárias entre as pessoas. Valorizar as relações interpessoais, em vez de focar no status do outro, continua sendo a atitude desejável para viver a missão ainda hoje, sublinhou justamente mons. Chow.
O auxiliar Ha acrescentou que pe. Matteo Ricci realmente “entregou-se por inteiro, como o menino da história dos cinco pães e dois peixes; assim nós também estamos fazendo ao longo da nossa viagem a Pequim. Embora o efeito imediato possa não ser particularmente visível, trata-se, no entanto, de um começo que nos leva a discernir mais claramente a vontade de Deus, a ver as necessidades de nossos irmãos e irmãs e a sentir o pulso da Igreja para uma melhor evangelização”.
Nos dias 18 e 19 de abril, a delegação visitou os dois seminários de Pequim, que já contam com um bom número de professores graças aos sacerdotes e religiosos da China continental que se formaram em teologia e filosofia no exterior.
Na opinião do padre Choy, que foi professor de teologia por muitos anos, as Igrejas de Hong Kong e Pequim estão vivendo um processo de sinodalidade que pede a elas de retornar ao espírito dos fundadores com o qual podem responder aos desafios sociais e eclesiais que estão vivendo. Tendo experiência com a Igreja universal, a diocese de Hong Kong pode dar uma valiosa contribuição à Igreja na China continental. “Se quisermos avançar – disse – não podemos ignorar nossas raízes comuns na China”.
Durante a visita, os sacerdotes e as religiosas na China quiseram mostrar o patrimônio cultural católico do país. “Eles conhecem bem a história da Igreja local – afirmou o pe. Choy – que é marcada por uma profunda consciência da importância de transmitir o legado dos fundadores. Os religiosos de Hong Kong poderiam aprender com os religiosos chineses e caminhar junto com eles".
Na homilia da Missa celebrada na catedral de Pequim no dia 20 de abril, Mons. Chow reconheceu como o Papa Francisco "encorajou a Igreja a seguir o caminho da sinodalidade, para que os cristãos aprendam a escutar-se uns aos outros e, mais importante, aprendam a escutar o Espírito Santo que os guia ao longo do caminho, pedindo-lhes para discernir e permanecer discípulos missionários".
Durante a missa celebrada no dia 21 de abril na Igreja de São José em Wangfujing [Igreja do Leste] em Pequim ele refletiu sobre a importância para um cristão de amar o seu país e a Igreja ao mesmo tempo. O bispo Chow explicou que o amor pelo próprio país "faz parte dos ensinamentos da Igreja Católica": "É dever dos fiéis melhorar a sociedade, respeitar a lei, viver a justiça... O recurso mais importante do Estado e da Igreja é o seu povo, e amar o país significa amar o povo. A Igreja Católica ama o povo da China continental e de Hong Kong. É desejável, portanto, que haja abertura ao diálogo entre o governo e a Igreja. Para o bem do país, deveríamos ajudar o governo a melhorar na escuta".
O amor pelos compatriotas está há muito tempo no coração dos habitantes de Hong Kong e é expresso não apenas por meio de uma disposição generosa de fornecer socorro em caso de calamidades, mas também por meio da dedicação e do serviço.
Durante os dias da visita, Mons. Chow encontrou os fiéis nas Igrejas do Norte, do Sul e do Leste no final das celebrações eucarísticas. Ele afirmou que não estava acostumado a ver os fiéis se ajoelhando e beijando seu anel episcopal, mas ficou comovido com o que percebeu como uma expressão do "desejo de comunhão com a Igreja universal" dos católicos da China continental, dos quais apreciou o profundo sentimento religioso.
"Em comparação com os católicos de Hong Kong, eles certamente têm menos oportunidades de estudar teologia, mas seu profundo sentimento religioso os ajuda a superar os desafios e as dificuldades que vivem ... Seria precioso se os católicos de Hong Kong pudessem aprofundar seus conhecimentos com esse mesmo sentimento religioso”.
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Hong Kong visita Pequim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU