De acordo com o ranking 2022 da ONG Break Free From Plastic, a marca continua sendo a que mais gera resíduos ao meio ambiente. Um patrocínio considerado “incompatível” com a luta contra as mudanças climáticas.

A reportagem é de Stéphane Mandard, publicada por Le Monde, 15-11-2022. A tradução é do Cepat.

E o vencedor é… a Coca-Cola. A famosa marca de refrigerantes foi eleita a “campeã do mundo” 2022 da poluição plástica, segundo o ranking divulgado na terça-feira, 15 de novembro, pela organização não governamental (ONG) Break Free From Plastic. Um título nada invejável que a empresa americana conquistou pelo quinto ano consecutivo desde a sua primeira edição em 2018. Uma distinção que marca quando a Coca-Cola é uma das patrocinadoras da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP27), a missa solene da luta contra as mudanças climáticas que se realiza em Sharm El-Sheikh, no Egito, até 18 de novembro. “A Coca-Cola, a maior poluidora de plástico do mundo, que patrocina a COP27, é uma pura operação de greenwashing”, denuncia Emma Priestland, coordenadora da Break Free From Plastic.

Todos os anos, a ONG, que reúne vários milhares de associações, envia os seus voluntários aos quatro cantos do mundo para recolher os resíduos plásticos produzidos pela indústria e que vão parar em todos os cantos (praias, rios, parques, florestas, ruas, etc.), exceto no lixo. Com uma missão nem sempre clara: identificar as marcas por detrás desses detritos.

Em 2022, mais de 31 mil produtos (garrafas ou partes de garrafas) estampados com a marca Coca-Cola foram encontrados em cerca de quarenta países. Isso é mais que o dobro de 2021 (13.834) e três vezes mais do que em 2018 (9.300). Isso representa 7,32% de todos os resíduos plásticos coletados (429.994) em 2022. Uma proporção que dobrou desde a primeira edição do relatório, em 2018, quando ficou em 3,64% (9.300 itens de um total de 255.429 detritos). Em cinco anos, os voluntários da Break Free From Plastic arrecadaram 85.035 produtos da empresa americana, quase a mesma quantidade de resíduos das outras duas marcas que completam o pódio das maiores poluidoras de plástico: a PepsiCo (50.558) e a Nestlé (27.008).

“É chocante que uma empresa tão ligada à indústria fóssil seja patrocinadora de um encontro tão vital para o clima como a COP27”, acrescenta Emma Priestland. Um total de 99% do plástico é feito de combustíveis fósseis, e a embalagem é uma saída importante para a indústria petroquímica. A cada ano, mais de 100 bilhões de garrafas plásticas saem das fábricas da multinacional. Segundo estimativas do Greenpeace, a produção dessas garrafas representa cerca de 15 milhões de toneladas de emissões de CO2, o equivalente às emissões de 3 milhões de carros por ano.

“A Coca-Cola não só contribui para a poluição plástica, como também agrava a crise climática”, comenta John Hocevar, diretor da campanha de Oceanos do Greenpeace Estados Unidos, que também se diz “chocado” com a parceria entre a COP27 e a famosa bebida de rótulo vermelho e branco.

A íntegra do artigo pode ser lida aqui.

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