09 Setembro 2022
A seguir o ritmo atual de aquecimento, já no próximo ano o planeta atingirá a marca, considerada limite, de aumento da temperatura de 1,5 grau Celsius. Dos 20 anos mais quentes da Terra, 19 marcas foram registradas desde 2020.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O alerta máximo soou na 11ª Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunida em Karlsruhe de 31 de agosto a 8 de setembro sob o tema “O amor de Cristo leva reconciliação e unidade ao mundo”.
“Com as mudanças climáticas e todos os seus efeitos em escala global, o mundo está mergulhado em desafios que a humanidade jamais enfrentou”, disse o presidente da Igreja da Noruega e ex-secretário geral da Federação Luterana Mundial, bispo Olav Fykse Tveit. E como sempre, agregou, as pessoas mais afetadas são aquelas que já vivem em vulnerabilidade.
A pastora Dra. Neddy Astudillo, ecoteóloga venezuelana radicada nos Estados Unidos e vinculada à Igreja Presbiteriana, recorreu ao Antigo Testamento, na reflexão bíblica que abriu o seminário sobre justiça climática. Ela reportou-se aos sonhos de José, que previu os sete anos de vacas gordas seguidas de sete anos de vacas magras no Egito. José recebeu o dom divino da adivinhação para preparar a nação enfrentar a crise que viria, assinalou.
Os adivinhos de hoje são os cientistas que estudam o efeito estufa provocado pela emissão de gases produzidos pela atividade humana. Meryne Warah, do Quênia, e Martin Kopp, da França, relataram os esforços da organização ecumênica GreenFaith para demover a petrolífera francesa Total de instalar um oleoduto na África Oriental. Mais de 100 mil pessoas e dezenas de ecossistemas de Uganda e da Tanzânia serão prejudicadas.
GreenFaith é uma organização interconfessional fundada em 1992, uma das organizações religiosas de defesa do meio ambiente mais antigas do mundo. A mobilização de crentes impulsiona mudanças, como se viu na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos e contra o apartheid na África do Sul, afirmou o diretor executivo da ONG, o sacerdote episcopal Fletcher Harper.
Jocabe Solano, indígena do Panamá, sonha com “uma economia baseada numa relação de respeito e harmonia com a Terra”. Ela quer uma igreja que reconheça que a riqueza dos ricos procede da exploração e da violência contra a mãe-terra e seus habitantes.
“Uma igreja que confesse sua cumplicidade na tragédia do colonialismo, de ontem e de hoje, e que se arrependa. Sonho com a boa vida em que haja comida suficiente para todos, sem exceção”, anunciou Jocabe na Assembleia.
O secretário-geral de ACT Aliance, o brasileiro Rudelmar Bueno de Faria, incentivou os representantes de igrejas, ONGs e organismos eclesiais a desmantelar as estruturas econômicas, sociais e ecológicas injustas. “Queremos um modelo econômico que permita a todas as pessoas e seres vivos prosperarem. Queremos políticas econômicas que afirmem a vida e que reconheçam e deem prioridade às inúmeras alternativas locais”, como o conseguem as comunidades indígenas, preconizou.
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Planeta Terra próximo ao ponto limite do aquecimento - Instituto Humanitas Unisinos - IHU