10 Junho 2019
Se prestarmos atenção a isso, o simbolismo da linguagem bíblica usa dois modelos para descrever a vinda do Espírito Santo e sua ação dentro de nós. O primeiro é o modelo da infusão, evidente, por exemplo, nas línguas de fogo que do alto se derramam sobre os apóstolos, preenchendo-os com nova vida. É como se o Espírito Santo se unisse ao que somos (São Paulo dirá que se une ao nosso espírito) para nos fortalecer e recriar com seus dons.
Somos assim chamados a descobrir o Espírito Santo dentro de nós porque já nos foi dado, e a nossa existência é o seu templo. Neste caso, o grande trabalho espiritual consiste então na tomada de consciência e no reconhecimento.
O comentário é do arcebispo, poeta e teólogo português José Tolentino Mendonça, também arquivista e bibliotecário do Vaticano, publicado por Avvenire, 09-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas Jesus também indica um modelo complementar quando diz: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." (Jo 3, 8). Nossa relação com o Espírito Santo não é apenas fusão e confirmação: é também representada como diferenciação.
A voz do Espírito Santo, portanto, não é apenas aquela que já conhecemos e podemos ouvir geralmente dentro de nós mesmos. O Espírito também se manifesta na imprevisibilidade, nos novos desafios, nos gestos inéditos, na maneira surpreendente com que Deus se revela, falando-nos em línguas diferentes e a partir de lugares que não esperávamos.
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Ouvindo o Espírito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU