22 Fevereiro 2019
Nas dependências do Instituto Maria Santíssima Bambina, ao lado da Cidade do Vaticano, nesta quarta-feira, um grupo de 12 vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja Católica se reuniu, como um pontapé inicial do encontro chamado A Proteção de Menores na Igreja. Entre eles estava Juan Carlos Cruz, uma das vítimas ex-pároco do El Bosque, Fernando Karadima.
A reportagem é de S. Rodríguez y M. J. Navarrete, publicada por La Tercera, 21-02-2019. A tradução é do Cepat.
Com eles também estavam os membros do comitê organizador, formado pelo secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, Charles Scicluna. O mesmo que há um ano pisou no Chile para investigar o suposto acobertamento do bispo Juan Barros e que, ao chegar, percebeu que o que foi aberto era "uma caixa de Pandora".
Ao seu lado estavam o jesuíta e membro da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, Hans Zollner; o ex-porta-voz do Vaticano, moderador do evento, Federico Lombardi e o arcebispo de Chicago, Blase Cupich.
A reunião também contou com a presença de representantes da organização internacional Ending Clergy Abuse, que reúne vítimas de mais de 17 países.
No entanto, como se verificou, um aspecto que causou certa "decepção" entre os participantes foi a ausência do Pontífice. "Na verdade, isso talvez tenha produzido um certo desapontamento, mas a presença do Papa nunca esteve prevista", disse Cruz. O jornalista disse que "foi uma reunião muito boa de duas horas, proativa, e apresentamos pontos de vista muito importantes".
"Pessoalmente, sinto-me muito grato por esta missão, porque é muito importante. Eu tentei fazer isso com humildade e muita dedicação ", acrescentou.
Através de uma conferência, o diretor interino da assessoria de imprensa do Vaticano, Alessandro Gisotti, disse que "os membros do Comitê agradeceram às vítimas que participaram por causa da sinceridade, profundidade e força de seu testemunho, que certamente lhes ajudarão" a compreender melhor a gravidade e a urgência dos problemas que serão abordados no curso da reunião ".
Depois dessa apresentação, as vítimas foram "liberadas", mas Cruz permanecerá em Roma. Nos próximos dias, um vídeo será exibido na conferência, na qual o jornalista entregará uma mensagem aos representantes das conferências episcopais do mundo.
"Acho que no futuro há esperança de que as coisas melhorem", disse ele.
Hoje, às 9h da manhã em Roma (5h no Chile), começará o encontro no Vaticano. De acordo com a programação, a atividade começará com uma oração, seguida de um vídeo testemunhal e um discurso de entrada do Papa Francisco.
Em seguida, vem uma apresentação do cardeal Luis Antonio Tagle, chamado "O cheiro das ovelhas. Conhecer sua dor e curar suas feridas está no coração da tarefa do pastor. "
O arcebispo Scicluna também falará durante a manhã, irá discutir a "responsabilidade" dos membros da Igreja.
Finalmente, haverá uma exposição do cardeal Rubén Salazar Gómez sobre como lidar com as tensões em tempos de crise.
O representante chileno, secretário geral da Conferência Episcopal, Fernando Ramos, fez uma reflexão antes do evento. "Pedimos perdão, porque ninguém realmente tem que viver isso. Um crime dessa característica é um fato que marca as pessoas, produz um enorme dano ", reconheceu.
Em sua exposição, Ramos enfatizou a necessidade de compreender a importância da prevenção de relações abusivas, "para que esses eventos não voltem a acontecer e criar, na verdade, um ambiente seguro e saudável para proteger crianças e jovens, tanto no contexto eclesial, como no restante da sociedade chilena".
"O que a Santa Sé está buscando é fazer com que todos saibamos exatamente o que temos que fazer e o que não temos que fazer", ressaltou.
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"A presença do Papa nunca esteve prevista" no encontro de vítimas de abusos, afirma Juan Carlos Cruz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU