“As famílias levaram seus filhos a Karadima porque acreditavam que a doutrina era sólida e não sabiam o que estava acontecendo ali”.
A reportagem é publicada por Ahora Notícias, 20-06-2018. A tradução é de André Langer.
Com essas palavras, o Papa Francisco referiu-se aos casos de abusos sexuais que envolvem o ex-pároco da igreja de El Bosque, Fernando Karadima. Ele fez isso em uma entrevista à Reuters em meio à profunda crise que vive a instituição católica no Chile.
O Pontífice qualificou Karadima como uma pessoa “gravemente perturbada” e afirmou que o caso que atingiu os alicerces da Igreja chilena é um problema complexo porque “havia uma mistura da elite chilena com situações sociopolíticas”.
O Papa revelou que após a sua visita ao Chile, em janeiro passado, deixou o país com alguma preocupação com o que acontecia na Igreja por causa das denúncias contra Karadima. Diante do cenário de crise que encontrou, Francisco voltou a analisar o caso.
O encontro com os bispos chilenos foi uma das medidas tomadas por Francisco para tentar resolver a crise. Para o Papa, foi um “gesto generoso” o fato de que todos os bispos colocaram seu cargo à disposição.
“Muitas pessoas teriam ficado felizes se tivesse removido apenas o bispo Barros e não tivesse feito mais nada. Mas não!”, disse o Papa.
Procurando uma explicação para tudo o que aconteceu na Igreja do Chile devido aos casos de abusos, o Papa admite que é “um fenômeno difícil de entender”, mas “certamente é o trabalho do espírito do mal”.
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