04 Outubro 2017
O cardeal estadunidense Raymond Leo Burke, nomeado pelo Papa Francisco para o Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica do Vaticano em 30 de setembro, afirmou que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (lefebvrianos) "está em cisma" com a Igreja católica.
A reportagem é publicada por ACI Prensa, 02-10-2017. A tradução é de André Langer.
O cardeal, um dos quatro signatários das dubia sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia, no qual o Papa é convidado a esclarecer alguns pontos sobre a comunhão aos divorciados em nova união, fez esta afirmação em julho deste ano, mas o áudio só foi divulgado recentemente por um blog católico.
O cardeal participou do evento Sacred Liturgy Conference (Conferência sobre a Sagrada Liturgia), realizado de 12 a 15 de julho em Medford, no Estado de Oregon, Estados Unidos.
Quando perguntado se é lícito participar e receber a comunhão em uma missa celebrada por sacerdotes lefebvrianos, o cardeal respondeu que "apesar dos vários argumentos relativos a este assunto, o fato em questão é que a Sociedade Sacerdotal São Pio X está em cisma, já que o falecido arcebispo Marcel Lefebvre ordenou quatro bispos sem mandato do Romano Pontífice".
"E é por isso que não é legítimo participar da missa ou receber os sacramentos em uma igreja que está sob a liderança da Sociedade Sacerdotal de São Pio X", disse o cardeal.
O cardeal Burke precisou na sequência que as dúvidas que surgem entre alguns fiéis são devidas, em sua opinião, ao fato de que "o Santo Padre deu aos sacerdotes da Sociedade Sacerdotal São Pio X faculdades para celebrar matrimônios válidos, lícita e validamente; embora não exista uma explicação canônica para isso, é simplesmente uma anomalia".
O cardeal estadunidense referiu-se, assim, à autorização concedida pelo Papa Francisco para que, em determinadas situações, o sacramento do matrimônio seja celebrado por um sacerdote lefebvriano.
Na sequência, comentou a decisão de Bento XVI de levantar a excomunhão que pesava sobre os quatro bispos ordenados por Lefebvre sem mandato pontifício e afirmou que, embora "eles não estejam mais excomungados, tampouco estão em comunhão regular com a Igreja católica".
A Fraternidade Sacerdotal Pio X foi fundada pelo arcebispo Marcel Lefebvre – de modo que seus membros e simpatizantes são conhecidos como "lefebvrianos" – em 1970, em resposta ao que ele descreveu como erros na Igreja após o Concílio Vaticano II.
Suas relações com a Santa Sé tornaram-se mais tensas em 1988, quando dom Lefebvre consagrou quatro bispos sem a permissão de São João Paulo II. A consagração ilícita resultou na excomunhão dos cinco bispos.
Em 2009, Bento XVI levantou a excomunhão que pesava sobre eles e, desde então, as negociações entre os lefebvrianos e o Vaticano prosseguiram para "reencontrar a plena comunhão com a Igreja".
Em 01 de abril de 2016, a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X relataram que houve um encontro informal entre o Papa Francisco e o superior geral dos lefebvrianos, o bispo Bernard Fellay, no Vaticano.
Desde então, prosseguem os diálogos com vistas à inserção da Fraternidade Sacerdotal São Pio X na plena comunhão da Igreja católica.
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“Os lefebvrianos estão em cisma com a Igreja católica”, afirma o cardeal Burke - Instituto Humanitas Unisinos - IHU