Vivemos em uma sociedade da informação a qual oportuniza o acesso de uma infinidade de “retratos” das realidades, com os mais variados interesses, tanto para a sua manutenção, como para a transformação. Interesses e projetos que se colocam em disputa e exigem discernimentos analíticos.
Diante deste cenário. As ciências e as pesquisas, por meio dos seus diferentes agentes, estão convocadas à intensificação do seu protagonismo no sentido de subsidiar as análises para a intervenção nas realidades que se tramam nos diferentes territórios e ambientes.
Em torno deste compromisso é que os observatórios têm se constituído nos últimos anos. Muitos deles estão comprometidos não só com a investigação, mas também com a formação de agentes com a capacidade analítica e interventiva nas realidades.
O trabalho realizado por meio dos Observatórios recebe empenho na realização de pesquisas quantitativas a partir de dados primários e secundários. Os estudos são produzidos por agências governamentais e da sociedade civil comprometidas com a informação. Estes dados e indicadores subsidiam o planejamento, monitoramento, avaliação e controle social de políticas públicas e, também, a realização de novas pesquisas.
Ao reconhecer a importância e necessidade da qualificação dos processos de acesso, sistematização e análise de dados, assim como da formação de novos agentes para este protagonismo, os observatórios UnilaSalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas e Observasinos/Instituto Humanitas Unisinos – IHU promovem a Oficina: PNADc - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Microdados da Região Metropolitana de Porto Alegre.
A atividade tem como objetivo ampliar a capacitação de agentes para a análise e intervenção na Região Metropolitana de Porto Alegre. Tudo isso, a partir do acesso, sistematização e análise dos dados e microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua que é realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
A oficina será ministrada pelo Prof. Dr. Moisés Waismann, coordenador do Observatório UnilaSalle. Em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, Mendes revelou sua trajetória de trabalho com os dados, assim como o seu reconhecimento como campo para a pesquisa e intervenção junto às políticas públicas.
Ao longo da conversa, o professor também destacou a importância do uso de dados: “os dados são fundamentais para a produção de informações! Sem dados não pode existir reflexão e construção das realidade(s) existentes, tornando muito difícil a tomada de decisão adequada, exemplifica”.
Além disso, ele comenta como o país oferece um sólido sistema de informações, afirmando que “[...]...o Brasil tem a mais organizada e sólida estrutura de produção, organização e disseminação de dados do mundo”.
Como os dados quantitativos se tornaram parte da sua pesquisa?
Essa pergunta me fez lembrar de uma aula de economia do setor público, onde fiz uma pesquisa sobre a questão fiscal do Rio Grande do Sul, busquei nos anuários da secretaria da fazenda os dados de arrecadação e de gastos. Ficou muito bom, foi o que o professor disse. A partir daí tomei gosto em trabalhar com dados numéricos, e fui me aperfeiçoando. A minha monografia foi sobre a estrutura agraria no Brasil e desta vez trabalhei com os dados censitários agropecuários. Tive uma passada pela gestão pública do município de Porto Alegre onde trabalhei com finanças e orçamento... e quando ingressei no doutorado em educação na Unisinos trabalhei com as políticas da educação superior e utilizei os microdados do censo escolar. A cada etapa fui aprendendo e me desafiando. Hoje utilizo os dados sobre o mercado de trabalho formal do atual Ministério da Economia e os dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílios Contínua do IBGE.
Como o Brasil tem gerido os dados das diversas realidades?
Primeiro, é importante dizer que o Brasil tem a mais organizada e sólida estrutura de produção, organização e disseminação de dados do mundo. Isso não sou eu que digo, isso é reconhecimento internacional, porém no último período as instituições vêm sendo desrespeitadas no seu fazer, assim como tem os orçamentos diminuídos, pela crença de que não é importante saber da realidade, a partir dos dados. Ou mesmo porque as informações produzidas não agradam os que neste momento estão no poder. Quando mais se precisou, durante o forte da pandemia, 2020 e 2021 o estado brasileiro parou de fornecer os dados da Covid, e em todo o primeiro semestre de 2020 os dados do mercado de trabalho não foram publicados. A exceção foi o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE que adaptou a coleta de dados da PNADc, criando metodologias diferenciadas.
De que forma os dados podem contribuir nos processos de planejamento do Brasil contemporâneo?
Os dados são fundamentais para a produção de informações! Sem dados não pode existir reflexão e construção das realidade(s) existentes, tornando muito difícil a tomada de decisão adequada. Sem os dados pode-se fazer o que se acredita ser a realidade, ou seja pode-se criar realidades paralelas, fictícias que não tem aderência ao mundo vivido pelas pessoas.
Na arena de construção de políticas públicas é de fundamental acesso aos dados e com esses produzir informações sobre a realidade vividas pela população e, pelos usuários. Caso contrário será uma sorte que algo dê certo.
Qual a relevância, no contexto das diferentes realidades e do planejamento de políticas públicas, de pesquisar os microdados da PNADc?
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, a PNADc, é uma pesquisa feita mensalmente que produz dados, mensais e por acumulação trimestrais e anuais. Em cada período de tempo tem-se dados diferentes, que ajudam a monitorar o que está acontecendo, no que diz respeito ao trabalho, a educação, a renda, entre outras informações relevantes para o poder público e para as organizações privadas, assim como para as de pesquisa. Como os dados são mensais, trimestrais e anuais torna-se relevante o seu monitoramento para acompanhar o andamento de políticas públicas, readequação, assim como perceber e alinhar as estratégias das organizações em geral.
Quem pode se interessar em aprender a manipular os microdados da PNADc como é oferecido pela oficina?
A oficina interessa a todas e todos que trabalham com a promoção, construção e monitoramento de políticas públicas. Assim como à comunidade acadêmica, estudantes, professores e pesquisadores que utilizam dados da PNADc e querem avançar no cruzamento de dados, visto que na contemporaneidade a construção do conhecimento e a tomada de decisão estão cada vez mais dependentes das informações disponíveis. Neste sentido é a intensão do encontro é visibilizar o potencial do uso dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua-PNADc, na construção, monitoramento e tomada de decisão de ações na Região Metropolitana de Porto Alegre, promovendo uma cultura que estimule o pensamento crítico.
A oficina está estruturada em três partes. Na primeira vai -se conhecer o que é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua-PNADc, depois onde estão os microdados e como extrair utilizando o Rstudio. E, por fim, os usos dos microdados. Acreditamos que o evento vai possibilitar uma visão completa para o acesso e sistematização dos dados, assim como indicar perspectivas de sua análise, mesmo que introdutória.
A oficina está estruturada em três partes. Na primeira vai-se conhecer o que é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua-PNADc, depois onde estão os microdados e como extrair utilizando o Rstudio e, por fim, os usos dos microdados. Acredita-se que vai se ter uma visão completa para o acesso e sistematização dos dados, assim como indicar perspectivas de sua análise, mesmo que introdutória. A oficina será ministrada pelo professor Moisés Waismann e pelo estudante de engenharia Gabriel Luis de Cesaro, ambos membros do Observatório do Trabalho.