25 Junho 2015
“Quem erra e vive no erro é corrigido”. É uma “regra” que vale para todos e, portanto, também para divorciados redesposados, para casais de fato e homossexuais”, adverte o cardeal Velasio De Paolis, ex-ministro das Finanças da Santa Sé e atual comissário extraordinário sob nomeação papal dos Legionários de Cristo. Mas De Paolis é também um dos cinco cardeais (junto a Burke, Müller, Brandmüller e Caffarra) autores do livro “O Permanecer na verdade de Cristo” que, publicado na véspera do Sínodo extraordinário sobre a família do ano passado, reafirma, no tema da família, a moral tradicional da Igreja.
A entrevista é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 24-06-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis a entrevista.
Eminência, o novo documento ainda relança as aberturas sobre a comunhão aos divorciados redesposados, aos casais de fato e os gays.
Antes de expressar um juízo sobre este novo texto eu quero lê-lo. Mesmo estando fora de toda mínima dúvida a validez do princípio de que, se uma pessoa erra, é ajudada a corrigir-se, e não a perseverar no erro. O texto apresentado ontem propõe ao Sínodo os mesmos pontos quentes da sessão do ano passado, sobre os quais os padres se dividiram. Em outubro próximo também haverá desacordos entre conservadores e progressistas? Para os divorciados redesposados se fala de uma segunda possibilidade de acesso à comunhão após um caminho penitencial. Para os gays se fala de acolhida e respeito...
Verdadeiramente nada foi decidido e o documento apresentado ontem será submetido à avaliação do Sínodo que, em todo o caso, não tem poderes deliberantes, mas somente consultivos. A última palavra sempre caberá ao Santo Padre. Discutir sobre os vários pontos previstos é prematuro, também porque não se sabe nada, por exemplo, deste caminho penitencial dos divorciados redesposados, nem muito menos sobre como se poderá fazer, se serão os bispos locais a decidir. Assim também para a acolhida a casais de fato e gays. Falamos também de tudo, mas a validez do ensinamento tradicional da Igreja em matéria de moral matrimonial permanece inatacável.
O Papa Francisco convida a Igreja a ser sempre muito misericordiosa e acolhedora, e a ir ao encontro de famílias feridas e de quem pede ser ajudado sem considerar a orientação sexual. O senhor o que pensa sobre isso?
Penso todo o bem possível sobre uma Igreja misericordiosa como hospital de campo. Todos temos necessidade disto, porque somos todos pecadores. Mas, a acolhida e a misericórdia jamais são dados em detrimento da verdade. Além disso, a um hospital se vai para curar-se, não para continuar a viver na doença.
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“Quem erra é corrigido, a doutrina continua clara” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU