10 Setembro 2014
Há apenas um mês do início do sínodo dos bispos sobre a família, o secretário de Estado do Vaticano deu uma indicação de que o foco principal do sínodo pode não ser as reformas que alguns membros da Igreja esperam, mas sim as ameaças culturais e legais dirigidas à própria família.
A reportagem é de Hannah Roberts, publicada pela revista britânica The Tablet, 05-09-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
A Igreja "entende as muitas ameaças à vida familiar, na forma de políticas e leis que permitem ou mesmo aceleram a dissolução da família", afirmou o cardeal Pietro Parolin (foto) aos participantes da quinta conferência anual da Rede Internacional de Legisladores Católicos [International Catholic Legislators]. Ele conclamou os presentes a "viver não apenas 'no meio do mundo' mas também a ser 'fermento no mundo' em favor da família, da comunidade local e de suas respectivas nações".
Ele acrescentou: "Isso significa que, através de suas palavras, de seu testemunho e de suas ações legislativas e políticas, instruídas pela fé, vocês são chamados a promover uma sociedade mais justa, centrada na dignidade da pessoa humana".
Falando um dia depois da festa de Santo Agostinho, o cardeal disse: "Eu sei que vocês estão aqui porque vocês são apaixonados pela 'cidade do mundo', e buscam enraizar a moral e as virtudes cristãs de uma forma cada vez mais autêntica nas comunidades ao redor do mundo, para que, então, juntos, possamos alcançar a 'cidade de Deus'".
Ele ressaltou que Santo Agostinho tinha "dois amores", que dão origem a duas cidades: "o amor terreno, o amor de si até ao desprezo de Deus; o celeste, o amor de Deus até ao desprezo de si".
Agostinho dedica todo um trabalho, A Cidade de Deus, para aprender a compreender as circunstâncias presentes e para o estabelecimento de "uma nova ordem para a vida em sociedade", disse ele. "Acredito que em nossos tempos difíceis, também, indicações valiosas emergem claramente a partir das experiências e dos ensinamentos de Santo Agostinho".
"A Sua Santidade, Papa Francisco, escreveu que devemos nos esforçar para 'acender o fogo no coração do mundo' (Evangelii Gaudium, 271)", disse o cardeal. "Assim como a Igreja precisa de vocês, vocês precisam da Igreja. Ela coloca à sua disposição os seus sacramentos, seus sábios conselhos e seu compromisso com as verdades morais da lei natural. Ela suporta suas iniciativas em curso para servir o bem comum através de legislações sensatas".
O cardeal Parolin é um dos membros do Conselho dos Cardeais que ajuda a aconselhar o Papa Francisco sobre as reformas práticas e doutrinárias. Sua postura relativamente conservadora poderia desapontar aqueles que esperam por mudanças na doutrina católica sobre a homossexualidade, a contracepção, a comunhão para os divorciados que voltaram a casar e outros temas controversos no sínodo que acontecerá de 5 a 9 de outubro próximo.
A Rede Internacional de Legisladores Católicos foi fundada em 2010 pelo cardeal Christoph Schönborn, de Viena, e pelo parlamentar britânico, Lord David Alton, para discutir a promoção dos valores e da moral cristã na arena política.
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Parolin indica que reforma poderá não ser o foco principal do sínodo e diz que a família deve ser protegida de dissolução - Instituto Humanitas Unisinos - IHU