Eventos no Iraque não são um confronto entre o Islã e o Cristianismo. Entrevista com o cardeal Pietro Parolin

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

25 Agosto 2014

O Secretário de Estado do Vaticano afirmou que a maioria dos muçulmanos refutam os métodos brutais e desumanos dos extremistas. Ele espera que o mundo islâmico fale contra isso e que a comunidade internacional deve se fazer presente no Iraque. Além disso, disse que a Igreja não está em silêncio.parolin

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio do Vatican Insider, 24-08-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.

Os eventos no Iraque "não são um confronto entre o Islã e o Cristianismo", disse o cardeal Pietro Parolin (foto), que respondeu a algumas perguntas sobre a crise internacional ontem à noite ao Vatican Insider, depois de celebrar a missa por ocasião do centenário de morte de São Pio X.

Menos de uma semana atrás, durante a entrevista coletiva no voo de volta da Coreia, o Papa Francisco explicou que é legítimo "deter o agressor injusto", especificando, no entanto, que "deter" não significa "bombardear", e que a decisão sobre como intervir deve ser tomada pela comunidade internacional através das Nações Unidas, ao invés de ser feita por um único país.

Eis a entrevista.

Eminência, qual é a sua opinião sobre os acontecimentos no Iraque?

O papa já falou e eu não vou comentar suas palavras. Creio que a situação é fonte de grande preocupação para os cristãos e para todas as outras minorias. Esperamos sinceramente que os refugiados possam voltar para suas aldeias e que um novo Iraque possa ser construído por meio da inclusão política, em que todas as minorias tenham um papel a desempenhar e possam contribuir para a reconstrução do país.

O senhor deseja um aumento de consciência no seio da comunidade internacional?

A comunidade internacional deve intervir definitivamente. Deve intervir de forma a estar presente nesta situação. É impossível para um país, nas condições em que o Iraque está agora, resolver seus problemas por conta própria.

Há pessoas que relatam os acontecimentos no Iraque como um conflito entre o cristianismo e o islamismo. Essa é uma visão correta ou é uma simplificação exagerada?

Eu acredito que é uma simplificação exagerada. Recentemente, eu li alguns relatórios do núncio na Síria, que explicam como muitos muçulmanos estão sofrendo com esses eventos e são favoráveis ​​aos cristãos. Portanto, isso não é, definitivamente, um confronto entre o Islã e o Cristianismo. Há pessoas dentro do Islã, e eu acredito que elas sejam a maioria, que refutam esses métodos brutais e desumanos. Infelizmente, algumas facções fazem deles os seus próprios, mas eu não acredito que eles sejam tolerados pela maioria dos outros muçulmanos. Esperamos que eles também falem contra isso, façam uma distinção clara entre o que pode e o que não pode ser feito. Esperamos que o mundo muçulmano se pronuncie.

Há aqueles que acusam a Santa Sé de não intervir, de ser muito silenciosa diante das tragédias no Iraque.

Gritar nem sempre é o caminho para resolver os problemas. Há outras maneiras, outros métodos. Enfim, o papa falou muitas vezes, não é justo dizer que a Igreja tem sido muito silenciosa. Além disso, estamos tentando dar uma ajuda concreta para resolver esses problemas.