30 Mai 2014
A Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) propôs uma estratégia para garantir o abastecimento de energia ao bloco - e reduzir a dependência em relação à Rússia - mediante a busca de novas fontes no Mar Cáspio, no Mediterrâneo e com a importação de gás natural liquefeito (GNL).
A reportagem é de Toby Sterling, publicada pela agência Associated Press e reproduzida pelo jornal Valor, 29-05-2014.
Mas o plano, que o Comissário de Energia da UE, Günther Oettinger, apresentou ontem e que será avaliado pelos líderes europeus na cúpula europeia de 26 e 27 de junho, não proporciona soluções rápidas. A Europa importa 40% de seu gás da Rússia, metade desse volume via gasodutos que atravessam a Ucrânia, uma situação que levaria anos de investimento para ser modificada.
Essa dependência revelou-se um ponto fraco para a Europa, quando a Rússia suspendeu o envio de gás para a Ucrânia em 2006 e 2009. A dependência é um fator também no atual conflito na Ucrânia, pois países europeus dependentes do gás russo relutam em ampliar as sanções contra Moscou em retaliação contra ações como a anexação da península da Crimeia pelos russos.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse ontem estar esperançoso de que a Ucrânia possa resolver uma disputa com a Gazprom, a companhia estatal de gás russa. A Rússia quer que a Ucrânia pague uma conta de US$ 2 bilhões neste mês, em troca de preços mais baixos no futuro - ou sofra um corte no fornecimento que também pode afetar a Europa.
Oettinger disse que a UE apoia o plano básico, embora a Ucrânia prefira, em primeiro lugar, uma redução de preço e ainda não tenha concordado com essa proposta.
Putin disse que a Rússia já vendeu muito gás à Ucrânia sem receber pagamentos. "Isso não pode continuar assim para sempre, e todo mundo compreende isso", disse o presidente na TV russa.
Em entrevista coletiva em Bruxelas, ontem, Oettinger afirmou que, para eliminar a dependência energética em relação ao exterior, os países europeus precisam considerar um aumento da produção de energias renováveis e aumentar "a produção sustentável de combustíveis fósseis".
"Queremos parcerias sólidas e estáveis com fornecedores importantes, mas precisamos evitar sermos vítimas de chantagem política e comercial", disse Oettinger.
A Europa importa cerca de metade de todo o seu suprimento de energia. Os europeus têm como meta gerar, a partir de 2020, 20% de suas necessidades a partir de fontes renováveis, em comparação com os atuais 14%.
A Europa não tem grandes reservas remanescentes de combustíveis fósseis, além do gás de xisto, que poderia ser extraído por fraturamento hidráulico. Mas a França e vários outros países praticamente descartaram essa opção, devido a preocupações ambientais.
Oettinger sugeriu que a UE imponha, sob obrigatoriedade legal e ainda neste ano, uma meta para a economia de energia em 2030.
A maioria dos países europeus banhados pelo mar, exceto a Alemanha, têm pelo menos alguma capacidade de importação de GNL, que é transportado em navios-tanque na forma de líquido condensado e exige terminais especiais para ser processado. Mas alguns países podem não estar dispostos a seguir o conselho de Oettinger no sentido de construir mais infraestrutura, pois o GNL é mais caro do que o gás russo.
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UE quer diversificar fontes de energia, mas não há soluções fáceis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU