Por: Cesar Sanson | 06 Março 2014
A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.
Sumário:
Embrutecimento social
Sinais de anomia na sociedade brasileira
A insanidade e ferocidade não cessam
Anomia institucionalizada
Razões sociológicas e filosóficas da anomia
A política fracassou
O fracasso da esquerda
Conjuntura da Semana em frases
Eis a análise.
Embrutecimento social
Sinais de anomia na sociedade brasileira
O Brasil vive um momento perturbador. Cenas de barbárie são gotejadas no noticiário e se repetem com frequência cada vez maior. Em menos de três meses o país se viu diante de um embrutecimento assustador. 2014 começa marcado pela bestialidade.
Primeiro, a notícia das mais de 60 mortes no Complexo Penitenciário de Pedrinhas no Maranhão, logo depois a imagem de um jovem negro, de apenas 15 anos, pelado, espancado e esfaqueado na orelha, amarrado a um poste pelo pescoço com uma trava de bicicleta no Rio de Janeiro.
Nos últimos dias mais cenas de selvageria. Um morador de rua foi agredido por um grupo de pessoas após furtar um frasco de xampu num supermercado na zona leste de Sorocaba. O homem foi arrastado para a rua e agredido a socos, chutes e pauladas. Um agressor chegou a quebrar uma garrafa na cabeça da vítima. Também nesses dias, um torcedor do Santos foi morto com chutes, socos e pauladas por torcedores de um time rival.
No mesmo dia, uma moradora de rua foi encontrada morta com corpo carbonizado numa região nobre Teresina-PI. Também na capital piauiense, um suspeito de assalto foi amarrado e jogado em um formigueiro no bairro Dirceu Arcoverde, no sudeste da cidade. O acontecimento chocou a população e chegou a ser destaque na mídia nacional e internacional.
A insanidade e ferocidade não cessam
Ao deparar-se com blocos de Carnaval interrompendo o trânsito, na Vila Madalena, bairro de classe média de São Paulo, um homem acelerou o carro e feriu dez pessoas. Quem estava perto o arrancou do veículo e passou a agredi-lo. Quando ele conseguiu fugir, destruíram o carro. Um casal de lésbicas foi espancado ao sair de um bloco de Carnaval, no Rio. Uma delas teve a roupa arrancada. Em Franca, no interior de São Paulo, um adolescente correu atrás de um suspeito de assalto e lhe aplicou um golpe chamado de “mata-leão” (estrangulamento). O suspeito, de 22 anos, teve um infarto após ser imobilizado e morreu no hospital. Os casos são relatados por Eliane Brum.
Casos como esses se repetem diariamente, nem todos ganham destaque na mídia. Chama a atenção a reincidência de casos em que suspeitos por furtos são amarrados em postes e são surrados. Prática que remonta a época do pelourinho do Brasil escravocrata.
A violência gratuita e fortuita irrompe na sociedade brasileira e de forma transversal atravessa todos os segmentos. “À espera do ônibus ou dentro do carro, branco, negro, pobre, rico: o Brasil se embrutece. E o Brasil nem sequer se nota”, afirma Janio de Freitas.
“Nunca se matou tanto, nunca se excluiu tanto, nunca foi tão grande a intolerância contra minorias, etnias e crenças religiosas. Hoje vivemos em cidades do medo, nas quais estar seguro é estar em casa”, diz Yvonne Bezerra de Mello que acudiu o jovem negro atado ao poste no Rio de Janeiro. Segundo ela, “aceitamos e aplaudimos jovens torturados em plena rua, aceitamos e aplaudimos execuções sumárias e demonizamos aqueles que tentam, de uma forma ou de outra, mudar esse quadro”.
O justiçamento passou a ser aceito e justificado. Emblemático a defesa veemente da jornalista do SBT Rachel Sheherazade, em horário nobre, elogiando a atitude do grupo que espancou e amarrou o jovem negro pelo pescoço no poste.
Ainda mais grave. O justiçamento tem cor e condição social preferencial. Atinge, sobretudo, os pobres e negros. A antropóloga Alba Zaluar afirma que a tese do bandido bom é bandido morto, tem endereço: “O que chamam de bandido? O pobre, negro, favelado”.
Ninguém se perguntou sobre a história do menino preso ao poste por ‘justiceiros’. Uma história carregada de tragédias da infância. O estereótipo de menino de rua e negro o condenou.
As pessoas que amarraram o jovem negro no Rio de Janeiro não apareceram do nada, diz Vladimir Safatle Segundo ele, “seus pais já apoiavam, com lágrimas de felicidade nos olhos, os assassinatos perpetrados pelo esquadrão da morte. Seus avós louvaram as virtudes do golpe militar de 1964, que colocaria de vez a ordem no lugar da baderna. Seus bisavós gostavam de ver a polícia da República Velha atirando contra grevistas com aquele horrível sotaque italiano. Seus tataravós costumavam ver cenas de negros amarrados a postes com um certo prazer incontido. Afinal, já se dizia à época, alguém tinha que pôr ordem em um país tão violento”.
A violência, intolerância, preconceito e xenofobia impressionam. São oriundos de estratos supostamente formadores de opinião e ‘esclarecidos’. Um deputado gaúcho diz que quilombolas, índios e homossexuais são “tudo o que não presta” e incita a violência. Professora universitária zomba de passageiro em aeroporto por sua aparente condição social.
Anomia institucionalizada
A violência, porém, não grassa apenas nos espaços domésticos e públicos. Ela também é institucionalizada. Recentemente, no dia 22 de fevereiro, estudantes de São Paulo num ato contra a Copa do Mundo apanharam muito da polícia. A PM paulista numa operação que ficou conhecida como ‘Tropa do Braço’ desceu o cassetete sem dó nem piedade nos estudantes. Violência gratuita segundo relato de um professor e de um estudante.
A ação policial, aliás, é um capítulo a parte na espiral da violência, sobretudo, contra os mais pobres. O caso Amarildo é a ponta do iceberg de uma pratica adotada muito mais como padrão do que exceção.
Ficou evidenciado, por pressão da sociedade, que o pedreiro foi torturado dentro da própria sede da UPP. As “técnicas” utilizadas envolviam asfixia com saco plástico na cabeça, choque elétrico na planta dos pés molhados e afogamentos na privada. Esses “métodos” são usados corriqueiramente contra “suspeitos” pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope).
A resistência dos policiais acusados em dizer onde está o corpo de Amarildo também chamou a atenção de especialistas em violência para um fenômeno cada vez mais nítido no Rio de Janeiro: o crescimento no número de desaparecimentos, que alguns relacionam com outro índice alterado, este, em queda: o registro de mortes provocadas por policiais.
O número de desaparecidos apenas no Rio de Janeiro é absurdo. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP) 6.034 desaparecimentos foram contabilizados entre novembro de 2012 e outubro de 2013. Desde o primeiro ano do governo Sérgio Cabral, as estatísticas do ISP (vinculado à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro) apontam quase 40 mil desaparecidos. A grande e maioria deles, não divulgados e esclarecidos, resultantes da ação policial.
Quando se percebe que o agente institucional responsável pela promoção da segurança, propaga o terror ao arrepio de procedimentos aceitáveis, percebe-se o tamanho do problema.
Na opinião do sociólogo José de Souza Martins estamos diante de um perigoso vazio. Segundo ele, “a sociedade brasileira está mergulhada num cenário de crescente anomia, de corrosão das normas tradicionais de comportamento sem que novas e eficazes normas surjam para preencher o perigoso vazio".
Razões sociológicas e filosóficas da anomia
As razões da crescente anomia na sociedade brasileira são complexas.
A anomia é um conceito abordado por Durkheim. Na obra durkheimiana, a anomia é manifestação de desregramento que torna precária a vida em comum, corta laços sociais e empurra a sociedade para o imprevisível.
Durkheim preocupa-se com a “coesão social”, ou seja, a necessidade da feitura de um pacto que se manifeste em regras comuns para o convívio social. A coesão social ou a sua ausência é resultado da tensão entre dois conceitos: o da solidariedade e o da anomia. A solidariedade interna da sociedade, solidariedade qualificada por ele como “orgânica” em contraponto à “mecânica”, funda-se, sobretudo, numa ordem social que leve justiça a todos os seus membros.
Durkheim considera aceitável manifestações de anomia, que classificará como patologias, desde que não excedam determinados limites e ameacem a vida em comum na sociedade. Certamente Durkheim jamais aceitaria a tese da ‘justiça pelas próprias mãos’. Pelo contrário, é defensor da ‘nomia’ - sufixo nominal de origem grega que exprime normas, regras e leis – sustentadas pelo Estado.
Pois é disso que se trata. A sociedade brasileira dá sinais de anomia. Momentos nos quais a ‘patologia’ – no caso reincidentes manifestações de barbárie – se apresentam acima do normal e, pior, são considerados e assimilados como normais, justificáveis e até tidas como necessárias.
As razões de fundo da anomia brasileira talvez se expliquem melhor pela filosofia do que pela sociologia. Estão relacionadas a determinado tipo de modernidade que empurra-nos, paradoxalmente, para a obscuridade.
Estaríamos, na sofisticada elaboração do filósofo Henrique de Lima Vaz, diante de uma crise das intenções, atitudes e padrões de conduta que tornaram possível historicamente nosso "ser em comum” e, portanto, “das razões que asseguraram a viabilidade das sociedades humanas e o próprio predicado da socialidade tal como tem sido vivida nesses pelo menos cinco milênios de história”.
As “razões do nosso viver em comum” se estilhaçaram e com ela a sociedade perdeu seu corrimão. Na opinião do filósofo Vaz, aqui se instaura o paradoxo da modernidade que a torna um enigma. O enigma da modernidade consiste no fato de sermos "uma civilização tão prodigiosamente avançada na sua razão técnica e tão dramaticamente indigente na sua razão ética".As razões, portanto, de fundo da anomia são de ordem ética. De crise dos fundamentos que até então nos permitiam e permitem viver em sociedade, mesmo que conflituosa.
A política fracassou
Há, porém, razões mais visíveis dos riscos da instauração da anomia na sociedade brasileira e elas estão no campo da política, ou na ausência dessa em mediar o viver em comum. Os protestos de junho de 2013, aliás, são demonstração da ‘patologia’ que se instaurou no mundo da política, lento e incapaz de subordinar os interesses do mercado aos interesses públicos. O caso do transporte coletivo é apenas a ponta do iceberg.
O Brasil, lembrando Caio Prado Junior, nasce como uma empresa. Nossa dinâmica foi dada de fora para dentro. É o mercado que dá sentido ao Brasil. Mesmo o ciclo do campo da esquerda no poder vem se demonstrando incapaz de interromper essa dinâmica.
A anomia também é manifestação do fracasso da política. Do sentimento do “não me representa”.
A violência atual no cenário brasileiro é "um profundo sintoma social da vida política nacional contemporânea", constata Vladimir Safatle Segundo ele, "a política brasileira tem se transformado na arte do silêncio. Arte de passar em silêncio sobre democracia direta, como pagar dignamente professores, como implementar uma consciência ecológica radical, como quebrar a oligopolização da economia, como taxar mais os ricos e dar mais serviços aos pobres. Mas também a arte de tentar silenciar descontentes".
Na opinião de Safatle, “já há algum tempo, a política brasileira tem expulsado muita coisa de seu interior. Tendendo, cada vez mais, a se limitar a discussões gerenciais sobre modelos relativamente consensuais de gestão socioeconômica (vide o debate recente sobre o dito "tripé econômico", do qual ninguém parece discordar), ela perde a possibilidade de mobilizar populações por meio de alternativas não testadas e que ainda contenham um forte potencial criativo. Assim, ela perde também a capacidade de acolher demandas que, mesmo sendo urgentes, sempre colidem com boas justificativas tecnicistas para serem deixadas para mais tarde”.
Nesse contexto de mutismo, diz o filósofo, “a violência aparece como a primeira revolta contra a impotência política. A história está cheia de exemplos nos quais as populações preferem a violência genérica à impotência. Ainda mais quando se confrontam com uma brutalidade policial como a nossa”.
O fracasso da esquerda
O fracasso da política visto nas manifestações, no crescimento de movimentos “não movimentos” – tipo Black Bloc - é também o fracasso do PT. “O ocaso do PT como opção transformadora foi entendido pela sociedade como o ocaso da ‘última esperança’. Agora, todos seriam iguais”, comenta Gustavo Gindre integrante do Coletivo Intervozes.
O PT, mesmo e apesar de consideráveis avanços, foi incapaz de romper com determinado modelo de desenvolvimento refém da centralidade do mercado. "Precisamos mudar a direção de um desenvolvimento que transforma as nossas cidades em espaço para carros mais do que para a cidadania. Precisamos voltar a comer comida boa e gostosa e não os venenos do agronegócio. Mas, como fazer isto com as alianças que se costuram para ganhar e manter o poder a todo custo?”, pergunta Cândido Grzybowski.
Na opinião do filosofo Renato Janine Ribeiro estamos no limite do que pode ser a inclusão social pelo consumo”. Segundo ele, “beira o ridículo negar a inclusão social promovida pelo PT. Foi substancial. Mas se deu pelo que nossa sociedade consumista mais valoriza. Melhorar radicalmente as escolas teria exigido mais verbas e protagonismo do poder público. O mesmo vale para a saúde, o transporte e a segurança públicos". Para Janine Ribeiro, "com o consumo, o PT escolheu a via do possível. Dificilmente seus adversários teriam feito melhor. Mas a trilha do consumo significa: a ideologia que ganhou foi a do shopping center".
Não se trata de culpabilizar e responsabilizar o PT pelas manifestações de anomia na sociedade brasileira. Como já vimos, suas razões são complexas. O PT, porém, acaba “dando” a sua parcela de contribuição mais do que pelo deixou de fazer do que fez.
Nesse momento é preocupante que o governo petista “patrocine” saídas autoritárias – legislação repressora como a lei antiterrorista - para abafar aqueles que protestam. A ausência da política institucional vem sendo respondida pela política das ruas. Calar as ruas é calar a política que empurra para mudanças mais substanciais.
Como destaca Eliane Brum, “os protestos iniciados em junho pelos 20 centavos e agora centrados na Copa do Mundo são um dizer. Responder a eles com repressão – seja da polícia no espaço público, seja em projetos de lei que transformam manifestantes em terroristas, seja anunciando que o Exército vai para as ruas em tempos de democracia – é uma forma brutal de não escutar aqueles que ainda se preocupam em dizer”.
Segundo ela, “é talvez a maior violência de todas. É preciso ser muito surdo para acreditar que prender todos, ‘deter para averiguação’, criminalizar manifestantes é suficiente para voltarmos a ser o Brasil cordial e contente que nunca existiu, 200 milhões em ação torcendo pela seleção canarinha. Que o dizer de quem deseja um Brasil diferente seja hoje expressado no campo simbólico do futebol é mais uma razão para escutá-lo, ao mostrar que estamos diante de novas construções do imaginário”.
Para aquilo que o governo considera anomia – padrões de manifestações que fogem do seu controle – ele propõe ‘tratamento de choque’, ‘criminalização’. Em vez de contenção, o risco é de crescimento da espiral da violência. O pretenso combate da anomia pode se transformar em mais anomia.
O surpreendente, destaca Jean Tible é o “desencontro entre as mobilizações recentes (as jornadas de junho que prosseguem de várias formas e intensidades) e o Partido dos Trabalhadores”. Segundo ele, “algumas posições-ações petistas causam surpresa (apesar de não representarem o PT como um todo): torcida – explícita ou não – pelo fim das manifestações; avaliação que estas acabaram; flerte com as perigosas vias da criminalização das ‘ações violentas’ (de manifestantes, não das polícias)”.
Para ele, “são posturas petistas contra natura, já que o PT nasce e vem desse mesmo lugar, das resistências, ruas, locais de trabalho, bairros, periferias, campo. O PT como criação ‘inédita’, por mesclar democracia e diversidade internas com uma nova forma de ocupar posições institucionais. Um partido-movimento; que vem perdendo fôlego”.
O que está em jogo é mais democracia e não menos democracia.
As crescentes manifestações de anomia na sociedade brasileira, descritas aqui, precisam de mais política. Mais política civilizatória – o social subordinando o mercado; mais investimento no espaço público – as arenas para a Copa são o contrário; mais cuidado com a pessoa, mais saúde, educação, transporte de qualidade – não apenas megainvestimentos em aeroportos, hidrelétricas, ferrovias, portos; mais cuidado com os mais vulneráveis – indígenas, quilombolas, sem terras, periferias; mais políticas emancipatórias e não compensatórias – o bolsa família é bom, mas melhor ainda é redistribuir renda via empregos decentes, via serviços públicos de qualidade alterando a dinâmica concentradora de renda.
Conjuntura da Semana em frases
Seleção de frases extraídas das “Frases do dia” publicadas diariamente no sítio do IHU. Frases publicadas entre os dias 23 de fevereiro a 05 de março de 2014:
Brutalidade
“Estamos, no Brasil, em um agravamento da brutalidade que não cabe mais nos largos limites do classificável como violência urbana. E não basta dizer que nada é feito contra tal processo. O que se passa, de fato, é que nem sequer o notamos” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-02-2014.
Brutalidade 2
“O agravamento da brutalidade no Brasil é um processo em si mesmo. E não está só nos territórios da pobreza. A própria incapacidade de percebê-lo é um sintoma do embrutecimento sem distinções sociais, econômicas e culturais. Outros sintomas poderiam ser notados - na deseducação, no rebaixamento individual e coletivo dos costumes, em muito do que os meios de comunicação tomam como modernidade, na política. Até onde a elevação do trato entre suas excelências parecia inexaurível - no Supremo” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-02-2014.
Duas avenidas
“Você sonha que está na Sapucaí e à sua frente, pelo meio da avenida, passeiam bicheiros arrastando putas e políticos de estimação, enquanto os verdadeiros donos da festa são jogados para as margens de um Sambódromo desenhado por um comunista. O carnaval é do povo, mas com torcicolo. Ao acordar, percebe que não foi sonho, mas déjà vu. Recorda que, no sábado, testemunhou um linchamento em outra avenida, a Presidente Vargas, no carnaval do Rio real, não o da imprensa e de Paes e Cabral. E vai ver um desenho animado com seu filho insone” – Luiz Fernando Vianna, jornalista – Folha de S. Paulo, 05-03-2014.
Pior carnaval do mundo
“Mas meu assunto é o Rio: aqui nasci e vivo, aqui pretendo morrer. A pichação é livre: trata-se do pior Carnaval do mundo. Tirante a folia, que inundam as ruas e salões, o que sobrou foi tristeza e aflição de espírito” – Carlos Heitor Cony, escritor – Folha de S. Paulo, 04-03-2014.
Mas o que significa o Lepo Lepo, afinal?
“É o amor. É uma forma baiana de dizer do meu amor, do meu carinho. Acho que cada um vê de um jeito, as crianças veem de um jeito inocente, a turma mais jovem leva para a azaração e tem a turma do lelelê”, - Márcio Victor, o líder da banda Psirico - Caras, portal Uol, 03-03-2014.
Não ao capitalismo
"É uma forma de gritar não ao capitalismo e sim ao amor. Acredito que mulher de verdade prefere o lepo lepo. Tem muita mulher que prefere o dinheiro, bens materiais. No meu caso não tenho nada disso. Comigo é amor, alegria e diversão” - Márcio Victor, o líder da banda Psirico - Caras, portal Uol, 03-03-2014.
Divisão de tarefas
“A presidente Dilma Rousseff quer repetir na Copa do Mundo o modelo de atuação do Exército usado na Rio+20. O plano é foco de reação da Polícia Federal, que teme perder espaço. Pelo esboço em discussão entre o Planalto e os ministérios da Justiça e da Defesa, o Exército deverá fazer a segurança da "família Fifa", dos chefes de Estado e das 32 seleções durante o torneio. À PF caberia, segundo assessores da presidente, cuidar da inteligência e monitorar os esperados protestos” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-03-2014.
On demand
“O Exército e os 90 mil homens da Força Nacional vão atuar ainda, mediante pedido de governadores, em locais onde haja risco de protestos violentos que comprometam a realização das partidas e a segurança de times e torcedores” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 04-03-2014.
Da rua às grades
“O governo deve propor uma pena de quatro anos de prisão para atos de vandalismo em protestos no projeto de lei que será enviado ao Congresso para tentar conter a violência em manifestações. Os detalhes do texto serão fechados na próxima semana entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Com a punição, os atos violentos deixarão de ser enquadrados como crimes leves, o que permitirá que se faça interceptação telefônica dos investigados” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 01-03-2014.
Cara limpa
“O Planalto também estuda punir manifestantes que usarem máscaras, mas ainda não conseguiu elaborar um modelo de atuação das polícias para identificar participantes dos atos” – Vera Magalhães, jornalista – Folha de S. Paulo, 01-03-2014.
Copa
“O país que apoiava maciçamente a Copa já a apoia apenas por escassa maioria, de 79%, em 2008, para 52% agora, segundo o Datafolha. Brasília já sabia disso por meio de suas pesquisas e resolveu mudar o discurso: saem os legados, quase inexistentes, entra a festa do futebol” – Juca Kfouri, jornalista – portal do jornal Folha de S. Paulo, 27-02-2014.
Festa no Planalto
“A Fifa pretende presentear o governo brasileiro com 50 mil ingressos para jogos da Copa. Não se trata dos que serão doados a índios e à turma do Bolsa Família” - Ancelmo Gois, jornalista - O Globo, 26-02-2014.
“na M...”
“30 milhões para a Fifa, e nós na M...” – bandeira portada por manifestantes, na noite de ontem, que tombaram um tonel com estrume em frente à prefeitura de Porto Alegre e atearam fogo a um boneco de Pelé, com a camiseta da seleção brasileira – Zero Hora, 21-02-2014.
Copa
"Tenho um sentimento frustrante sobre a Copa. Acho legal ter uma Copa no país, pode parecer espetacular, mas vejo que infelizmente não se comprova se agradável. Não sei se a Fifa já viveu uma situação tão constrangedora como aqui no Brasil, e é bastante compreensível. Hoje muita gente não é a favor da Copa, essa é a realidade do país" – Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros, em 1997, 2000 e 2001 – Anonymus Brasil, 20-02-2014.
Parceria
"O eu me deixa assim é essa diferença de tratamento com o povo, e olha que sou fanático por esporte, Olimpíada, mas acho que isso não vale mais do que toda a nossa nação. Acho que é uma parceria, o Brasil escolheu sediar, mas eles também quiseram fazer os eventos aqui. A Fifa, o COI (Comitê Olímpico Internacional) vêm aqui e só querem as coisa feitas, depois saem daqui e não deixam nada para o Brasil. Acho que isso não é fair play, pelo contrário, acho que o esporte ensina isso. As coisas precisam ser discutidas com mais clareza, colocar na mesa. Porque o brasileiro sai na rua e toma um banho de falta de respeito em qualquer serviço público, percebo isso no dia a dia. Hoje acho inadmissível com a atual situação do Brasil, chegou o ponto de o povo não aceitar mais esse tipo de tratamento" – Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland Garros, em 1997, 2000 e 2001 – Anonymus Brasil, 20-02-2014.
Lazer
"Pobre quando se junta para cometer crime é quadrilha. Quando ricos e poderosos se juntam para atos ilícitos é reunião de lazer" - Domingos Dutra, deputado federal SDD -MA), sobre a decisão do STF que absolveu os condenados do mensalão do crime de formação de quadrilha – Folha de S. Paulo, 01-03-2014.
Mais cubanos
"O governo vai anunciar a qualquer momento o Programa Mais Médicos II. Nesta segunda etapa, serão importados mais quatro mil médicos cubanos" - Ancelmo Gois, jornalista - O Globo, 28-02-2014.
Aliás...
"Cuba parece ter mais médicos do que pé de cana" - Ancelmo Gois, jornalista - O Globo, 28-02-2014.
A missão Lula
“O ex-presidente Lula foi a Cuba para salvar o Programa Mais Médicos de um êxodo de profissionais. Ele convenceu o presidente Raúl Castro a não se opor ao aumento do salário recebido diretamente pelos médicos cubanos no Brasil. Ontem, após Lula informar a presidente Dilma do sinal verde de Castro, o ministro Arthur Chioro (Saúde) convocou entrevista para anunciar o reajuste” - Ilimar Franco, jornalista – O Globo, 01-03-2014.
Obrigação moral
"O general Belham tem total ciência dos fatos ligados à morte e à ocultação do corpo de Rubens Paiva. Ele está vivo, sabe o que aconteceu e tem a obrigação moral de dizer onde estão os restos mortais” – Pedro Dallari, coordenador da Comissão Nacional da Verdade – Folha de S. Paulo, 28-02-2014.
MST
"O dinheiro público pode e deve ser utilizado para estimular todas as formas de organização de cidadania e de produção. Seguiremos financiado. É próprio de um governo democrático financiar iniciativas que convirjam para bem da sociedade" – Gilberto Carvalho, ministro – Folha de S, Paulo, 27-02-2014.
MST 2
"Eu quero dizer de maneira clara, peremptória, que não se pode confundir o MST com baderneiros. O MST não é visto pelo governo como um mal, é um movimento social legítimo com o qual o governo tem diferenças. O MST contesta o governo e nós achamos que isso é da democracia" – Gilberto Carvalho, ministro – Folha de S, Paulo, 27-02-2014.
Balela
“Que história é essa de que o Estado não tinha controle (das favelas cariocas)? Só fala isso quem não conhece polícia. Nunca existiu no Rio favela independente, solta, fazendo o que quer. É a maior balela. O traficante para traficar tem de pagar para a polícia. Se ele não pagar à polícia, vai para a vala. Não existe tráfico independente no Rio” – Hélio Luz, chefe de Polícia do Rio de Janeiro de julho de 1995 a setembro de 1997 – Zero Hora, 23-02-2014.
Milícias
“As milícias são crime organizado. É um braço organizado do Estado. É muito pior do que o tráfico no morro. Ela compromete o Estado. Tem agente penitenciário, policial civil, bombeiro, militar. Tem o vigilante, segurança de firma, está tudo lá. É uma parceria público-privada, uma PPP” – Hélio Luz, chefe de Polícia do Rio de Janeiro de julho de 1995 a setembro de 1997 – Zero Hora, 23-02-2014.
O Papa e a doutora
“Eleito papa, Francisco pediu aos argentinos que dessem dinheiro aos pobres em vez de ir a Roma saudá-lo. Há pouco, decidiu tirar um passaporte comum argentino. Doutora Dilma foi para Roma festejar o barrete de d. Orani Tempesta. Na comitiva, um lote de passaportes especiais” – Elio Gaspari, jornalista – Correio do Povo, 23-02-2014.
Simpático
“Esse papa é muito simpático, mas se liberasse a camisinha, a pílula e o casamento gay, seria muito mais simpático!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 22-02-2014.
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Conjuntura da Semana. Sociedade brasileira mergulha numa crescente anomia? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU