Por: André | 11 Dezembro 2013
O Vaticano supera um novo obstáculo no exame do Moneyval. São positivos para a Santa Sé os primeiros resultados da plenária do organismo europeu dedicado à luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, que começou nesta segunda-feira e se estenderá até a sexta-feira. O Moneyval indica que o Vaticano deu passos importantes “na direção correta” para adequar-se aos parâmetros exigidos pelos inspetores. Isto não representa ainda a entrada da Santa Sé na “white list” (lista branca) dos países virtuosos, mas é um passo importante; o relatório reconhece os progressos que a Santa Sé fez Santa Sé fez em relação à análise que o Moneyval vem fazendo desde janeiro de 2012. O parâmetro são as “Key and core recommendations della Financial Action Task Force” (Fatf/Gafi), a organização intergovernamental que desde 1989 estabelece os padrões e promove a adoção de normas legais e operacionais para lutar contra a lavagem de dinheiro, o financiamento do terrorismo e contra outras ameaças à integridade do sistema financeiro internacional.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi e está publicada no sítio Vatican Insider, 09-12-2013. A tradução é de André Langer.
A avaliação não inclui todas as recomendações que foram analisadas no primeiro relatório, mas apenas aquelas que são consideradas “fundamentais”, como prevê o procedimento do Moneyval, e as “fundamentais”, como exigiu a própria Santa Sé. Os resultados positivos devem-se também ao fato de que Bergoglio começou a reforma justamente pelas estruturas econômicas vaticanas: decapitou a cúpula do IOR e os quadros dirigentes da Apsa (Administração do Patrimônio da Sé Apostólica). Na sequência, criou duas comissões referentes para ambas as estruturas.
E acaba de encomendar ao seu secretário, o sacerdote maltês Alfred Xuereb, a tarefa de acompanhar ambas as comissões, além de prosseguir com a adequação das normas anti-lavagem de dinheiro das quais se ocupa o Conselho Europeu através do Moneyval. Francisco também recomendou ao Promontory Group e à Ernst & Young a revisão das contas tanto do IOR como da Apsa e do Governadorado.
Há alguns dias, o Financial Times publicou, após 11 meses de investigações e entrevistas, um estudo que confirma os passos que a Santa Sé deu rumo à “glasnost” financeira. O Vaticano decidiu reformar o IOR (o Instituto para as Obras de Religião) depois das pressões que diferentes institutos financeiros internacionais exerceram, como o Deutsche Bank, JP Morgan e UniCredit, que acabaram, depois da crise do euro sob a investigação dos entes públicos que se ocupam da regulamentação devido às suas relações com a Santa Sé. O estudo (intitulado “O Vaticano obrigado a limpar suas atividades de banco”) afirma que “o banco vaticano”, isto é, o IOR, “está fechando centenas de contas depois de ter sido pressionado pelas maiores instituições financeiras do mundo para que limpasse suas atividades”.
O jornal da City entrevistou 20 banqueiros, reguladores e analistas católicos durante 11 meses para entender por que as obscuras operações de um banco com cinco bilhões (e cujo objetivo é servir à missão global da Igreja católica) tinham deixado nervosos os banqueiros, reguladores e governos tanto da Europa como dos Estados Unidos.
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O Vaticano caminha rumo à transparência financeira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU