Na ONU, países vislumbram nova geopolítica climática global sem os EUA

Foto: Mark Garten | ONU

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24 Setembro 2025

Frente ao governo negacionista de Trump, outros países tentam aproveitar o vácuo para se colocar como líderes na agenda climática.

A reportagem é publicada por climaInfo, 22-09-2025.

A semana em Nova York promete ser movimentada nas discussões internacionais sobre clima. Além da realização da 80ª Assembleia Geral da ONU, os próximos dias também serão marcados pela Semana do Clima da cidade, pelo evento de alto nível sobre as novas metas climáticas nacionais e pela consulta da Presidência da COP30 sobre a agenda de negociação.

Apesar do palco das discussões, uma coisa está clara: os EUA do negacionista Donald Trump não devem se engajar nas questões climáticas, já que estão novamente deixando o Acordo de Paris e desfazendo todas as políticas nacionais sobre clima. Enquanto a ausência norte-americana é lamentada, outras nações enxergam a possibilidade de reforçar suas pretensões de liderança na agenda.

Para a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), que acompanha a comitiva de Lula, a ausência dos norte-americanos não poderá ser ignorada. “Os Estados Unidos são o segundo maior emissor [de gases do efeito estufa] do mundo. É, de longe, uma potência econômica e tecnológica. Não dá para imaginar que isso não seja um prejuízo”, afirmou à BBC Brasil. Para a ministra, se os EUA não fizerem sua parte, alguém terá que fazer.

Como o NY Times assinalou, o vácuo deixado pelos EUA está redesenhando o mapa global de alianças para a ação climática. Líderes do Norte e do Sul globais ouvidos pelo jornal, que hoje concordam com pouca coisa nessa discussão, reconheceram a urgência da crise climática e o impacto da saída dos EUA do Acordo de Paris, bem como a necessidade de avanços.

“Acredito que nenhum país pode resolver o problema das mudanças climáticas sozinho. Nenhuma região, por mais poderosa que seja. Resolver isso requer a participação, a colaboração de todos. E, portanto, estou muito confiante de que a posição dos EUA, da China, da Europa, da África deve se unir em algum momento. Podemos discordar por um momento, podemos discordar por um tempo, mas a realidade nos vencerá, e chegaremos a um acordo, porque não temos opção. Os efeitos das mudanças climáticas estão em todos os continentes”, comentou William Ruto, presidente do Quênia.

Anfitrião da COP30 neste ano, o Brasil é um dos países que buscam reforçar sua posição de liderança internacional na agenda climática. Aliás, como o R7 observou, a Assembleia Geral da ONU e os eventos sobre clima desta semana em NY são vistos pelo governo brasileiro como a chance de uma “virada de chave” para a Conferência de Belém.

Nesse sentido, vale acompanhar o discurso do presidente Lula, que abre a sessão da Assembleia Geral na manhã de hoje (23/9). A expectativa é de que o líder brasileiro evite mencionar seu norte-americano, com quem vive uma crise comercial e política, e enfatize o “fortalecimento da democracia, o enfrentamento da crise climática e a defesa do multilateralismo”.

Líderes mundiais serão pressionados nessa semana a mostrar progresso na questão climática, principalmente depois de cortes na ajuda ao desenvolvimento, lembrou a Reuters. O primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, pediu aos países ricos que acelerem seus esforços, pois as mudanças climáticas significam uma crise existencial para nações como a sua.

Os eventos em Nova York também foram notícia no Congresso em Foco, O Globo e CNN Brasil.

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