02 Julho 2025
Uma nova variável será apresentada ao Missal Romano na quinta-feira. Documento conjunto dos episcopados da Ásia, África e América Latina sobre a dívida ecológica dos países ricos. A hipótese de que Prevost participará da Cúpula de Belém em novembro.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Repubblica, 01-07-2025.
O Vaticano anunciou que publicará um novo formulário para a Missa "pela proteção da criação", que previsivelmente introduzirá uma oração específica pelo meio ambiente no missal. Enquanto isso, os bispos da África, Ásia e América Latina assinam um documento único pela primeira vez para pedir aos países ricos que paguem sua "dívida ecológica". E não está descartado que o Papa Leão XIV participe da cúpula do clima que acontecerá em novembro às portas da Amazônia, na cidade brasileira de Belém.
A Sala de Imprensa da Santa Sé limitou-se a anunciar que na próxima quinta-feira o cardeal jesuíta Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e o arcebispo franciscano D. Vittorio Francesco Viola, secretário do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, apresentarão o “novo formulário da Missa 'pro custodia creationis', que se juntará à Missae 'pro variis necessitatibus vel ad diversa' do Missal Romano”.
O Missal Romano, aprovado por João Paulo II em 2000, prevê, de fato, algumas variáveis não apenas para os diferentes tempos litúrgicos do ano (Advento, Tríduo Pascal, etc.), mas também para as Missas "para as diversas necessidades". Trata-se, como explica a disposição geral do Missal Romano, de "adaptar mais visivelmente as orações da Igreja às necessidades do nosso tempo", com orações e leituras "nas quais tradição e inovação se fundem alegremente".
Em particular, essas Missas são agrupadas em quatro categorias: Missas "para a Igreja, para o Papa, para o Bispo" e assim por diante; "para as vocações, para os leigos, para a família, para os amigos" e categorias semelhantes; e, novamente, Missas "para a evangelização dos povos, para os cristãos perseguidos, para a pátria ou a comunidade civil, para as autoridades civis, para as organizações supranacionais, no início do ano civil, para o progresso dos povos"; e, finalmente, as missas “pelos refugiados e exilados, pelos migrantes, pela fome no mundo, por aqueles que nos afligem, pelos prisioneiros, pelos encarcerados, pelos doentes, pelos moribundos, para pedir a graça de uma boa morte, por qualquer necessidade”. Agora, uma nova categoria é anunciada, a missa “pela proteção da criação”.
Se Francisco, em particular com a encíclica Laudato si' e a exortação apostólica Laudate Deum, foi o primeiro Papa a insistir na relevância, para a fé cristã, da questão ambiental – não sem despertar o incômodo dos setores católicos mais conservadores –, Leão XIV, nestas primeiras semanas de seu pontificado, também se mostrou sensível à questão. Em entrevista recente ao Tg1, falou explicitamente sobre as mudanças climáticas, comentando que "todos conhecemos seus efeitos". Em mensagem enviada à FAO na segunda-feira, Robert Francis Prevost escreveu que "sem uma ação determinada e coordenada em prol do clima, será impossível garantir sistemas agroalimentares capazes de alimentar uma população global crescente".
Por fim, tanto os bispos latino-americanos, por meio do cardeal brasileiro Jaime Spengler, no início de seu pontificado, quanto, nos últimos dias, os bispos europeus, representados pelo cardeal Ladislav Nemet, há poucos dias, instaram o Papa a participar da cúpula internacional sobre o clima, programada para Belém, Brasil, de 10 a 21 de novembro. Uma possibilidade – ainda não uma certeza – confirmada hoje durante uma coletiva de imprensa realizada no Vaticano com cardeais representantes do "Sul Global" que se encontraram com o Papa naquela manhã.
Os cardeais Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (Brasil) e presidente do CELAM (bispos latino-americanos), Filipe Neri Ferrão, arcebispo de Goa e Damão (Índia) e presidente da FABC (bispos asiáticos), Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo) e presidente do SECAM (bispos africanos), juntamente com Emilce Cuda, secretária executiva da Pontifícia Comissão para a América Latina, apresentaram um documento em vista da COP30.
"As nações ricas", escrevem os episcopados do Sul global, pela primeira vez em um documento conjunto, "devem pagar sua dívida ecológica, com financiamento climático justo, sem endividar ainda mais o Sul, para recuperar perdas e danos e promover a resiliência na África, América Latina e Caribe, Ásia e Oceania". "Os países ricos devem reconhecer e pagar sua dívida ecológica, sem continuar a endividar o Sul do mundo", concluiu o cardeal Neri Ferrao. “Sabe-se que, com o aquecimento global, que em 2024 ultrapassará a era pré-industrial em 1,55 grau centígrado, temos efeitos de desertificação que já afetam 500 milhões de pessoas no Sul do mundo”, disse Ambongo. “É hora de conversão e há um preço a pagar: ou temos a coragem de tomar decisões corajosas, para usar um eufemismo, ou não sei como será o futuro das próximas gerações”, disse Spengler. O Cardeal Czerny também discursou no encontro.