09 Outubro 2024
Paul Zulehner apela a mais honestidade na Igreja: É melhor admitir que o principal motivo para as reformas estruturais é a falta de dinheiro do que esconder recursos escassos e apresentar razões religiosas. Como informou a agência de notícias Kathpress na terça-feira, o teólogo e sociólogo religioso vienense explicou: “Então poderemos lutar mais honestamente sobre quem decide e quais prioridades desempenham um papel nas decisões”.
A reportagem é de katholisch.de, 08-10-2024.
Zulehner vê a Igreja Católica no meio de um “ponto de mudança” de uma Igreja para padres para uma Igreja para vocações batismais. Ele se refere a uma pesquisa realizada no primeiro trimestre de 2024 e iniciada pela Iniciativa de Pastores Austríacos, que é o ponto de partida de seu novo livro, a ser publicado em breve, "Turning Time: Tasks and Opportunities for Church Structural Reforms" (Momento de mudança: tarefas e oportunidades para as reformas estruturais da Igreja, em tradução livre).
Ser cristão sem ir à missa?
Segundo o site Kathpress, Zulehner apresentou os primeiros resultados do estudo em palestras em Viena e Salzburgo. Para ele, na “Igreja do padre” a paróquia é pensada em termos do padre, na “Igreja batismal” ela é pensada em termos do povo de Deus. Aqueles que representam os primeiros revelam-se muito mais resistentes às reformas estruturais.
Zulehner aponta uma mudança na imagem da Igreja: o estudo mostra uma grande concordância com a afirmação: “Você pode ser um bom cristão mesmo sem a missa dominical” – uma flagrante contradição com o ensinamento do Concílio Vaticano II (1962-1965). O teólogo explicou que na zona envolvente à Igreja batismal as celebrações da Liturgia da Palavra lideradas por mulheres e homens eram muito aceitas e que a celebração da Eucaristia estava a ser posta em causa como “fonte e clímax da vida cristã”, segundo afirma o concílio.
Contra a depressão
Zulehner disse que a Igreja não deveria administrar a queda, mas sim administrar a transição. Então ele se volta contra uma “depressão eclesiástica que enfraquece o poder e até paralisa”. De acordo com Zulehner, muitos membros da Igreja apelam a um compromisso "político" decisivo com a paz, a justiça e a preservação da criação e se opõem à "trágica preocupação consigo mesma" da Igreja.
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