25 Setembro 2024
A reportagem é publicada por Religión Digital, 24-09-2024.
Alain Cheval, uma das 15 vítimas sexuais dentro da Igreja belga que ia se encontrar com o Papa Francisco esta semana, renunciou ao encontro porque considera que será “inútil” e não servirá para apaziguar a dor, segundo informa a rádio e televisão francófona RTBF.
"Para mim o estrago já foi feito, sou um sobrevivente. Eles não vão conseguir me curar. Mas hoje vamos lutar para ver se podemos prevenir ou cuidar das próximas vítimas", afirmou em carta. “Hoje você vem visitar meu país, minha cidade e pior ainda, você se atreve a vir a um lugar de abuso para alguns (...) para prestar homenagem aos algozes. Quer prestar contas, mas no fim percebi que isso não me ajudaria em nada”, acrescenta a carta.
A mesma vítima acrescenta que não pode responsabilizar o pontífice pelos atos cometidos pelos seus “capangas”. Segundo escreveu: “muitos dos meus colegas querem escrever uma carta para você, eu os apoio, claro, mas não estou me baseando em nada, tenho a impressão de que uma criança escreve sua carta para o Papai Noel”.
“Agir, reconhecer, posicionar-se, é seu dever como homem, como grande líder desta empresa destrutiva que é a sua Igreja”.
O pontífice, convidado pessoalmente pelos reis dos belgas por ocasião do 600º aniversário da fundação da Universidade de Lovaina, fundada em 1425, planeja visitar a Bélgica e o Luxemburgo entre 26 e 29 de setembro. A sua estada na Bélgica incluirá um encontro com um grupo de vítimas de abuso sexual dentro da Igreja.
A primeira comissão parlamentar que investigou estes acontecimentos na Bélgica registou 327 queixas correspondentes aos últimos 60 anos, a maioria cometida entre as décadas de 60 e 70. O país planeja lançar outra investigação na próxima legislatura.
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Uma das 15 vítimas de abusos que ia se encontrar com o papa na Bélgica renuncia ao encontro: "É inútil" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU