Sob patrocínio do Centrão, pauta antiambiental avança no Congresso Nacional

Foto: Valter Campanato | Agência Brasil

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

03 Abril 2024

Pelo menos seis projetos polêmicos estão em tramitação em comissões permanentes da Câmara dos Deputados, sendo que um já foi aprovado e encaminhado ao Senado.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 02-04-2024.

Quando o assunto é atropelar a proteção do meio ambiente, a turma de Arthur Lira e do Centrão não perde tempo. Como o g1 destacou, menos de dois meses após o início do ano legislativo, a Câmara dos Deputados pisou no acelerador na tramitação de vários projetos que podem enfraquecer o combate ao desmatamento e à mudança do clima. A expectativa é de que o tratoraço antiambiental siga nessa toada em abril.

Seis projetos polêmicos de lei estão na fila da boiada de Lira & Cia. Um deles já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara no mês passado: o PL nº 364/2019, que elimina a proteção de vegetação nativa em “áreas não florestais”. Aprovado em caráter terminativo, o texto deve seguir direto para o Senado sem passar pelo plenário da Câmara. Como já noticiamos: de acordo com nota técnica da Fundação SOS Mata Atlântica, somente esse PL deixa 48 milhões de hectares do Brasil desprotegidos.

Outro projeto, pautado na Comissão de Minas e Energia da Câmara, pretende autorizar o licenciamento ambiental de garimpos em Reservas Extrativistas e Parques Nacionais. Na Comissão de Agricultura, os deputados estão analisando uma proposta que libera empreendimentos rurais para descumprir medidas de prevenção e combate a incêndios, desde que não haja risco a pessoas, patrimônio ou ao meio ambiente.

Já na CCJ, está em trâmite um projeto que pretende classificar obras de infraestrutura de irrigação como de “utilidade pública”, o que pode agravar e intensificar a segurança hídrica em várias partes do país. O colegiado também analisa um projeto que visa restringir a cobrança da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) às atividades submetidas à competência de licenciamento da União, o que atinge diretamente o financiamento das atividades do IBAMA.

Por fim, um projeto de lei aprovado no Senado e na pauta da CCJ da Câmara quer excluir a silvicultura da relação de atividades com impacto ambiental. A mudança isentaria essa atividade da necessidade de licenciamento ambiental e da cobrança da TCFA.

O licenciamento ambiental é um dos principais alvos da ira antiambiental no Congresso Nacional. A Folha destacou o impacto potencial do PL que flexibiliza o processo de licenciamento no Brasil e que, na prática, cria um “autolicenciamento” por parte das empresas responsáveis. Se a mudança for aprovada, pelo menos 80 mil empreendimentos poderão ser afetados. O número inclui processos em andamento nos níveis estadual (mais de 76,6 mil) e federal (quase 4 mil).

“Licenciamentos podem e devem ser racionalizados, para assegurar maior previsibilidade aos empreendedores, mas priorizar as dispensas de licença ambiental e o autolicenciamento está longe de ser o caminho adequado”, disse Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do IBAMA. “Querem que o LAC [Licença por Adesão e Compromisso] passe a ser a regra, não a exceção”.

Leia mais