17 Agosto 2023
“Em uma era em que as forças militares mais avançadas se orgulham de suas armas ‘inteligentes’ guiadas com precisão, as armas nucleares podem ser consideradas as armas ‘mais burras’”, definiu o diretor da Comissão de Igrejas para Assuntos Internacionais do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o advogado Peter Prove, ao participar, no domingo, 13 de agosto, do evento “Churches Together South Austrália”.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Prove retomou o tema que apresentara na 11ª Assembleia do CMI sobre construção da paz, reunida em Karlsruhe, quanto falou sobre “Imaginando um Mundo mais Seguro”. O tema dessa conversar não é fácil, muito menos no contexto global, admitiu.
“Dadas as complexas convergências de conflitos, mudanças climáticas e crises políticas e financeiras, é mais difícil do que nunca imaginar um mundo mais seguro. Mas é claro que apesar - ou melhor, por causa - dos desafios crescentes devemos não apenas imaginar, mas trabalhar concretamente por um mundo mais seguro. E como seguidores de Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, temos um chamado especial e a responsabilidade de fazê-lo”, enfatizou.
Com a guerra da Ucrânia no horizonte, a Assembleia do CMI de Karlsruhe foi categórica: a guerra é contrária à vontade de Deus. No entanto, uma parte importante do próprio CMI – a liderança da Igreja Ortodoxa Russa – foi vista e compreendida como oferecendo justificativa e até mesmo bênção para a invasão armada de um país soberano. À luz dessa realidade, a Assembleia de Karlsruhe reconheceu “a necessidade urgente de um diálogo profundo e renovado dentro do movimento ecumênico sobre as implicações da fé cristã para nosso testemunho pela paz no mundo”, relatou Prove.
Como destacava o secretário geral interino, pastor Dr. Ioan Sauca, o CMI “não existe porque concordamos, mas precisamente porque discordamos – às vezes veementemente – em questões muito importante para as igrejas e para o mundo”.
O desarmamento nuclear, lembrou Prove, tem sido uma prioridade do CMI desde a sua criação em 1948. Na declaração fundadora do organismo ecumênico está registrado que as armas nucleares são um “pecado contra Deus e uma degradação do homem”. O desarmamento é uma prioridade do CMI desde sempre.
Infelizmente, disse Prove na sua participação no encontro australiano, “os seres humanos – ou mais especificamente os homens – demonstram uma engenhosidade extraordinária ao ampliar nossas capacidades de matar uns aos outros. E nenhuma categoria de armas amplifica mais os riscos de conflito do que as armas nucleares – as armas destrutivas mais indiscriminadas e catastróficas já inventadas”.
O CMI é uma irmandade ecumênica global com 352 igrejas-membro, em mais de 120 países, representando cerca de 580 milhões de pessoas. Fundado logo após a II Grande Guerra, as questões de paz e direitos humanos sempre tiveram destaque na agenda do CMI.
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Armas nucleares são “burras”, declara o diretor de Assuntos Internacionais do CMI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU