12 Julho 2023
Em reunião preparatória para a Cúpula da Amazônia, na Colômbia, Lula pregou união entre países e desmatamento zero em todo bioma.
A reportagem é de Cristiane Prizibisczki, publicada por ((o))eco, 10-07-2023.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, neste final de semana, que pretende encorajar a fortalecer a criação de organismos multinacionais voltados para a proteção da Amazônia, entre eles um painel científico voltado para a produção de pesquisa sobre o bioma, nos moldes do IPCC.
A declaração foi feita durante discurso de encerramento da reunião técnico-científica da Amazônia, realizada na cidade de Letícia (Colômbia), em preparação para a Cúpula da Amazônia, que acontece em agosto, no Brasil.
A reunião contou com a participação de representantes dos oito países inseridos no bioma – Colômbia, Bolívia, Brasil, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Dentre os assuntos debatidos, estiveram a proteção de povos originários, promoção da ciência, da tecnologia e da inovação, bioeconomia e combate a crimes transnacionais.
“Queremos estabelecer um comitê de especialistas da Amazônia, inspirado no Painel Intergovernamental Sobre Mudança do Clima (IPCC), para gerar conhecimento e produzir recomendações baseadas na ciência”, disse o presidente.
Além da formação do comitê internacional de cientistas, Lula também sugeriu a criação de um “Foro de Cidades Amazônicas” e do “Parlamento Amazônico”, que reuniria políticos locais para discussão de soluções conjuntas em políticas públicas.
Ainda no âmbito das políticas públicas, o presidente brasileiro também falou em institucionalizar o Observatório Regional da Amazônia (ORA) para sistematizar e monitorar dados de todos os países, a serem utilizados para subsidiar decisões governamentais. Atualmente, o ORA só existe na forma de um fórum virtual.
Em seu discurso, Lula ainda falou da criação de um Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia e de um Sistema de Controle de Tráfego Aéreo integrado, para combater o crime organizado transfronteiriço.
“Há alguns dias, participei de um festival que reuniu milhares de pessoas aos pés da Torre Eiffel, em Paris. Muitos dos que estavam lá, sobretudo os jovens, se preocupam com o futuro da Amazônia. Essa preocupação é legítima, pois o bioma interessa a toda a humanidade. Porém, cabe a nós decidir como dar uma vida digna para nossa gente e como preservar nossa floresta e nossa biodiversidade”, disse o presidente.
Outro assunto abordado por Lula foi a revitalização da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), criada na década de 1990 e hoje enfraquecida. Segundo ele, o fortalecimento da organização poderá projetar os países que a compõem para o centro dos debates internacionais sobre meio ambiente e mudanças climáticas.
“Ao longo de todos esses anos, não temos dado à OTCA a atenção que ela merece. A Cúpula de Belém será um momento de correção de rota […] Temos que unir esforços em discussões internacionais que nos dizem respeito diretamente. Nossa voz tem que se fazer ouvir, com força, nas conferências sobre o clima, a biodiversidade e a desertificação e nos debates sobre desenvolvimento sustentável”, disse.
De forma sutil, Lula também sugeriu que os países amazônicos se comprometam com a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030, uma meta de seu governo.
“Esse é um compromisso que os países amazônicos podem assumir juntos na Cúpula de Belém”, disse Lula.
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Lula sugere a criação de um IPCC para a floresta amazônica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU