16 Março 2023
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do papa, disse que os delegados do “Caminho Sinodal” na Alemanha aprovaram medidas que “não correspondem à doutrina católica”.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada em La Croix International, 15-03-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A autoridade número dois do Vaticano advertiu os bispos católicos da Alemanha de que não devem se desviar do ensinamento da Igreja, depois de tomarem decisões controversas na conclusão do processo de reforma eclesial de seu país, conhecido como “Caminho Sinodal”.
“O Caminho Sinodal tomou decisões que não correspondem exatamente àquela que é atualmente a doutrina da Igreja”, disse o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.
O cardeal de 68 anos fez suas declarações em uma conferência em Roma na segunda-feira, apenas dois dias depois que bispos alemães e representantes leigos concluíram a quinta e última assembleia do Der Synodale Weg, conforme o nome oficial do projeto de reforma que durou mais de três anos.
Parolin, que falou à margem de uma conferência sobre a diplomacia vaticana na sede da La Civiltà Cattolica, criticou particularmente a aceitação dos bispos alemães da proposta do Caminho Sinodal de abençoar casais do mesmo sexo.
“Parece-me que a Santa Sé já se expressou muito claramente sobre esse assunto com o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé”, disse o cardeal. “Essa é a posição de Roma”, acrescentou.
O escritório doutrinal emitiu uma declaração há exatamente dois anos – 15 de março de 2021 – que afirmou que a Igreja “não tem e não pode ter o poder de abençoar” as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
“Uma Igreja particular, local, não pode tomar esse tipo de decisão, que envolve a disciplina da Igreja universal”, continuou o cardeal italiano. Ele enfatizou que deve haver “uma discussão (das lideranças católicas alemãs) com Roma, assim como com o restante das Igrejas do mundo” a fim de “esclarecer as decisões a serem tomadas”.
Ele disse que tais discussões terão que ocorrer no âmbito das duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre o futuro da Igreja, que serão realizadas em Roma em outubro próximo e, depois, em outubro de 2024.
“Mesmo que (os alemães) digam que tudo isso ocorre dentro da lei canônica atual, precisaremos ver e discutir isso”, insistiu o cardeal Parolin.
Essa é a primeira reação do Vaticano desde que o Caminho Sinodal foi concluído em 11 de março em Frankfurt. Os delegados do Caminho Sinodal, que realizaram sua primeira assembleia no fim de 2019, adotaram várias medidas-chave no último sábado, na quinta e última sessão.
Eles aprovaram as bênçãos da Igreja para casais divorciados recasados, assim como para casais do mesmo sexo. Em setembro, eles também provocaram uma reação negativa das autoridades vaticanas quando aprovaram uma medida para estabelecer um “conselho sinodal” permanente na Alemanha, que esperam estabelecer finalmente até março de 2026.
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Parolin acusa católicos alemães de se desviarem dos ensinamentos da Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU