24 Fevereiro 2023
O caos parece reinar na Igreja na Alemanha: não só ela está dividida entre conservadores e progressistas, mas nesta fase parece que os papéis também se inverteram. Acontece, por exemplo, que enquanto muitos bispos defendem veementemente o sacerdócio feminino e a possibilidade de ordenar as mulheres, considerando o reconhecimento da igualdade de gênero um passo à frente nas reformas, um grupo de respeitadas representantes leigas se demitiu em bloco para protestar contra o viés que o caminho sinodal tomou, demasiado revolucionário e contra o Magistério.
A reportagem é publicada por Il Messaggero, 22-02-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
De fato, quatro delegadas do projeto de reforma católica do Caminho Sinodal que está sendo realizado na Alemanha abandonaram o processo em curso contra a forma como está sedo orientado. Katharina Westerhorstmann, Hanna-Barbara Gerl-Falkovitz, Dorothea Schmidt e Marianne Schlosser escreveram no jornal Die Welt que a Igreja alemã está se afastando cada vez mais daquela de Roma.
Segundo elas, o objetivo declarado do Caminho Sinodal inicialmente era apenas acertar as contas com os abusos sexuais, elas acrescentaram, não provocar rupturas na doutrina. “Durante este caminho, até mesmo ensinamentos e convicções fundamentais foram questionados. Não podemos mais seguir este percurso que, em nossa opinião, distancia cada vez mais a Igreja na Alemanha da Igreja universal", escreveram, acrescentando que o processo ignorou repetidamente "as intervenções e os esclarecimentos das autoridades vaticanas e do Papa. Não podemos e não queremos compartilhar a responsabilidade".
Enquanto elas se demitiam, dom Peter Kohlgraf acabava de defender o caminho revolucionário seguido pela conferência episcopal. Acima de tudo, o projeto democrático de instituir um Conselho Sinodal no qual bispos e leigos possam tomar decisões juntos: em sua opinião um passo útil, mesmo que o Vaticano tenha bloqueado a ideia. Manifestaram-se os cardeais Pietro Parolin, Luis Ladaria e Marc Ouellet.
Sobre a questão feminina, Kohlgraf disse que há uma necessidade urgente de esclarecimentos. "Estamos impedindo o anúncio do Senhor ressuscitado se nos emperramos na questão feminina. A falta de justiça de gênero bloqueia o caminho para o coração da nossa mensagem”.
Poucos dias atrás, o cardeal vaticano Marc Ouellet havia alertado que o debate sobre a reforma alemã poderia levar a um cisma na Igreja. "Deus nos livre de um cisma".
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Igreja alemã desorientada, bispos em defesa de mulheres padres e leigas que se demitem em protesto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU