22 Novembro 2022
De 1º. de janeiro a 15 de novembro 333 menores atingidos: destes 92 morreram e outros 241 sofreram ferimentos graves. Às vítimas diretas se somam aqueles que sofrem com a fome, falta de água e remédios. Só a trégua de seis meses em vigor amenizou parcialmente os sofrimentos. Save the Children: "Ouvir as vozes das crianças".
A reportagem é publicada por Asia News, 21-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Desde o início do ano, todos os dias no Iêmen, devido à guerra, uma criança "morreu ou ficou gravemente ferida". Os dados dramáticos sobre as violências causadas pelo conflito sobre os menores constam do último relatório, publicado recentemente, pela ONG internacional Save The Children segundo o qual pelo menos 330 crianças foram mortas ou feridas em 2020. A essas vítimas "diretas" se devem acrescentar aqueles que morreram por falta de comida, água potável, remédios ou por doenças que se alastram com incidência crescente.
O dado sobre as crianças mortas ou feridas, já elevado, poderia ser ainda pior, visto que durante seis meses o país manteve uma frágil trégua alcançada pelas partes com mediação internacional e que poupou mais carnificinas. “Antes da trégua - disse aos ativistas Diana, de 14 anos, de Taiz - estávamos sempre alertas, pensando que um foguete poderia cair a qualquer momento. Nunca nos sentíamos seguros. Com a trégua, nos sentimos um pouco mais tranquilos brincando na rua, além de ir para a escola e estudar." No entanto, ainda hoje se registra “todos os dias” pelo menos um menor morto ou ferido, vítima “colateral” do conflito.
De acordo com os dados contidos no Civil Impact Monitoring Project, elaborado pelo Yemeni Protection Group e relançado pela ONG ativista, entre 1º. de janeiro e 15 de novembro de 2022 foram 333 crianças atingidas: destas, 92 morreram e outras 241 ficaram gravemente feridas. O uso extensivo de ataques aéreos, artilharia, morteiros, minas antipessoa e outros meios relacionados com o conflito "causou enormes danos às crianças", diz a ONG, provocando "mortes, ferimentos e deficiências permanentes para o resto de suas vidas e a destruição de infraestruturas civis”.
Rama Hensraj, diretor da Save the Children no Iêmen, convida a comunidade internacional a tomar medidas para acabar com a impunidade de crimes hediondos, especialmente aqueles cometidos contra crianças. Não pode haver nenhuma "justificativa", acrescenta, para a "morte ou as violências" contra os menores e "o mundo deve agir" para deter a escalada dessas violências. “Devemos ouvir – conclui – as vozes das crianças e trabalhar ao lado delas para permitir que construam um futuro melhor”.
O conflito explodiu em 2014 como um conflito interno entre rebeldes Houthi pró-Teerã e pessoas ligadas ao governo apoiados pela Arábia Saudita; com o passar dos meses escalou para guerra aberta com a intervenção, em março de 2015, de Riad à frente de uma coalizão de nações árabes e registrou quase 400 mil vítimas nos últimos anos. Segundo a ONU, provocou a “pior crise humanitária do mundo”, na qual a Covid-19 teve efeitos “devastadores”; milhões de pessoas estão à beira da fome e as crianças - 11 mil mortos no conflito - sofrerão as consequências por décadas. Existem mais de três milhões de deslocados internos, a maioria dos quais vive em condições de pobreza extrema, fome e epidemias de vários tipos, entre as quais a da cólera.
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Iêmen, em 2022 todos os dias uma criança vítima da guerra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU