16 Dezembro 2019
Dez milhões de iemenitas estão à beira da pior carestia da história recente. Isso foi denunciado por um relatório de 15 organizações humanitárias que, a esse respeito, dirigiram um apelo urgente ao Conselho de Segurança da ONU pela implementação imediata dos acordos de paz e um cessar-fogo imediato em Hodeidah, o principal porto do Iêmen, bloqueado devido aos repetidos combates.
A reportagem é publicada por L'Osservatore Romano, 14/15-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Apesar dos acordos de Estocolmo de um ano atrás, de fato, Hodeidah – por onde deveriam transitar 70% dos alimentos, remédios e combustível dos quais depende a sobrevivência de mais de vinte milhões de iemenitas - continua sendo o local mais letal do país para milhares de famílias inocentes, com um quarto de todas as vítimas civis em 2019: 799 mortos e feridos e 40% dos mais de 2.100 ataques a civis, que continuaram sem interrupções, apesar dos acordos alcançados na capital sueca. E quase sem trégua em relação ao ano anterior. Combates que este ano já causaram o deslocamento de mais de 390 mil pessoas, metade das quais provenientes das três províncias de Hodeidah, Hajjah e Al Dhalèe. Somente em Hodeidah, desde o início do conflito sangrento e incessante, mais de 600 mil pessoas foram obrigadas a fugir para se pôr a salvo.
O alarme ocorre na véspera do primeiro aniversário do acordo de Estocolmo entre as partes em conflito, que havia gerado um vislumbre de esperança, mas que tem dificuldade em se concretizar. O relatório, portanto, destaca dramaticamente como o Iêmen agora é um "país fantasma", com cerca de dez milhões de pessoas literalmente deixadas sem comida à beira da carestia e outros 7 milhões já sofrendo de desnutrição grave. É a crise humanitária mais grave do mundo no momento, confirmaram recentemente as Nações Unidas.
Devido aos combates e os bloqueios impostos pelas autoridades, em todo o Iêmen - onde 90% dos alimentos devem ser importados - é cada vez mais difícil para organizações humanitárias alcançar comunidades que não têm mais acesso a hospitais, mercados e água potável.
"Os ataques ao porto de Hodeidah devem cessar imediatamente. A crise atingiu níveis inimagináveis e os civis desarmados são os que sofrem as consequências mais desastrosas", afirma o documento conjunto das 15 organizações humanitárias.
Desde o início do terrível conflito - março de 2015 - 4 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas. Atualmente, meio milhão de pessoas em fuga dos conflitos estão expostas ao frio do inverno, sem um abrigo seguro. Casas, escolas, hospitais, mercados estão destruídos ou danificados. Somente neste ano, 327 ataques atingiram diretamente casas civis, causando 50% do total de vítimas entre mulheres e crianças.
"Agora, mais do que nunca, é necessário tomar medidas concretas em direção à paz para não acabar em outros anos de conflito, que significariam mais uma catástrofe para todo o povo iemenita", conclui o relatório.
E a Anistia Internacional, em comunicado, acrescentou que um iemenita de 25 anos de idade já passou por 14 conflitos internos diferentes, sobrevivendo a milhares de ataques aéreos.
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Dez milhões de pessoas ameaçadas pela pior fome da história recente. No Iêmen, violência incontrolável - Instituto Humanitas Unisinos - IHU