11 Novembro 2022
O relatório apresentado pelos especialistas das Nações Unidas para que empresas, regiões e cidadãos possam tomar ações concretas para realmente reduzir as emissões e o impacto ambiental.
A reportagem é de Valentina Guglielmo, publicada por La Repubblica, 10-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Chega de ambientalismo de fachada e estratégias de marketing verde. Negócios, empresas e instituições também devem adotar medidas claras e efetivas para reduzir as emissões. As previsões de mudanças climáticas deixam pouco tempo para agir, e todos têm que contribuir. Isso está sendo discutido hoje na COP27, onde um grupo de especialistas de alto nível das Nações Unidas apresentou uma série de recomendações práticas para investidores e contribuintes privados, como empresas, companhias financeiras, cidades e regiões. O objetivo é acabar com as práticas de greenwashing, em favor de medidas reais que ajudem no caminho para as emissões zero.
O relatório é o resultado do trabalho conjunto de 17 especialistas nomeados pelo secretário-geral da ONU e contém recomendações práticas para garantir e melhorar a integridade, a transparência e a responsabilidade para emissões líquidas zero, estabelecendo padrões e critérios claros.
O ponto fundamental é que qualquer empresa ou entidade privada não pode ser considerada de emissões zero se continuar investindo em combustíveis fósseis ou contribuir de alguma forma para o desmatamento ou outras atividades destrutivas para o meio ambiente. Pela mesma razão, espera-se que as ações realizadas sejam efetivas (como a redução de emissões ao longo da cadeia produtiva) e não se limitem à compra de créditos de carbono. A compra de certificados que compensam as emissões, ao invés de reduzi-las, deve ser mantida para os últimos anos da meta de emissões zero e, se utilizada, deve ser confiável e de fonte confiável e verificável.
Empresas, negócios e regiões devem, portanto, apresentar planos para o clima que possam ser considerados eficazes, garantindo resultados rápidos em termos de liberação de gases de efeito estufa para atender aos requisitos do Acordo de Paris. Em particular, para limitar o aquecimento global a 1,5 grau, as metas fixadas devem ser alcançadas no curto prazo, até (e antes) 2030. As empresas também devem apresentar relatórios de progresso anuais detalhados, que podem ser controlados e verificados de forma independente por terceiros.
Empresas e regiões que usam muita terra devem garantir que, até 2025, irão interromper com qualquer prática de desmatamento. Finalmente, o compromisso não deve se limitar à própria rede privada, mas deve ser global: é preciso estabelecer e prever, dentro dos planos empresariais e regionais, um fluxo de dinheiro para os países em desenvolvimento.
A gravidade da situação atual está à vista de todos: crise energética, eventos meteorológicos extremos ligados às mudanças climáticas e problemas de abastecimento de energia causados pelo conflito em curso. O empenho com fontes alternativas e com a redução do impacto ambiental é cada vez mais urgente.
Quanto às emissões, um recente relatório climático divulgado pelas Nações Unidas mostra que a curva está se reduzindo, mas não com rapidez suficiente para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris. Nesse ritmo, não conseguiremos reduzir as emissões em 45% até 2030, pois o pico ainda está por vir. Por outro lado, espera-se um aumento de quase 11%. Precisamos inverter a tendência o quanto antes, e para isso precisamos da ajuda de todos. O caminho a seguir é claro: é preciso atingir o pico das emissões globais em apenas três anos, até 2025, e reduzi-las pela metade nos próximos oito anos, até 2030.
São necessárias soluções eficazes, tangíveis e imediatas, e apenas a ação dos governos não é suficiente. A questão deve ser atacada em várias frentes. Em primeiro lugar, é preciso desviar os investimentos de empresas e instituições de combustíveis fósseis para energia limpa. Mas também devem-se fornecer indicações claras e colocar um freio a todas as práticas de protelação e limpeza da imagem através do greenwashing.
São dez as recomendações contidas no relatório hoje publicado, que visam, por um lado, acompanhar todas as entidades não estatais que queiram voluntariamente alterar a sua abordagem e o seu impacto ambiental e, por outro, evitar que persistam ações orientadas pela ignorância e práticas de greenwashing.
"O Greenwash saiu do controle", denuncia Amanda Starbuck, membro do grupo de trabalho HLEG das Nações Unidas e diretora do programa de investidores Sunrise Project. “Empresas e instituições financeiras que se comprometem com as emissões zero não podem mais se declarar ignorantes ou evitar assumir suas responsabilidades com o greenwash: zero líquido significa redução imediata das emissões climáticas e certamente nenhum crescimento dos combustíveis fósseis. Hoje nos unimos a cientistas, economistas e a um coro global que pede essa ambição às instituições financeiras, empresas, cidades e regiões".
Muitas empresas já se comprometeram com a causa, com a promessa de participar ativamente do caminho para as emissões zero. Até agora, porém, denunciam os especialistas, os resultados têm sido insuficientes. Por isso, o relatório pede a todos os atores não estatais que se empenharem a reduzir imediatamente as emissões com objetivos de curto, médio e longo prazo baseados em dados científicos.
A primeira coisa a fazer, portanto, é limitar as iniciativas voluntárias em favor de ações regulamentadas de alto nível, úteis também para evitar o recurso a soluções desonestas ou práticas de greenwashing.
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COP27, as diretrizes da ONU contra o greenwashing - Instituto Humanitas Unisinos - IHU