29 Agosto 2022
A sarça ardente que Moisés encontrou no monte Horeb é o símbolo do Tempo da Criação de 2022, que refletirá de 1º de setembro a 4 de outubro sobre o estado de saúde do planeta Terra, sob o tema “Escutar a voz da Criação”.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Líderes de igrejas cristãs vão se reunir em Assis para a abertura, no dia 1º, deste mês voltado às escutas das vozes silenciadas, dos clamores da natureza, das espécies e ecossistemas que foram perdidos e das comunidades que estão ameaçadas pela destruição do seu habitat em decorrência de mudanças climáticas. “As comunidades de culto podem amplificar as vozes da juventude, dos indígenas, das mulheres, das comunidades atingidas e que não são ouvidas na sociedade”, diz o guia preparado para esses dias.
A sarça ardente alerta para a Criação que grita, para as florestas que se incendeiam e para animais e pessoas que são forçadas a migrar “pelo fogo da injustiça que causamos”. Mas a sarça ardente que chamou Moisés enquanto ele cuidava do rebanho no monte Horeb também aponta para o fogo - a chama do Espírito que revela a presença vital de Deus.
Na encíclica Fé e Razão, o papa João Paulo II reconheceu que, embora Cristo seja o coração da revelação de Deus, a criação foi a primeira etapa dessa revelação. E o reformador Martim Lutero comentou num sermão de Advento: “Deus escreveu [o evangelho] não só em livros, mas também nas árvores e nas criaturas”.
O guia traz propostas de celebrações para o Tempo da Criação, como a realização de culto ecumênico, de culto ao ar livre, passeios contemplativos, tanto a locais aprazíveis para agradecer ao Criador pela beleza que Ele proporciona, como a locais de degradação ambiental, para tomar consciência de avanços cometidos por causa da ganância humana.
Outras propostas vão de mutirões de limpeza em praias, durante a Jornada Internacional de Limpeza Costeira em setembro, não só recolhendo o lixo, mas também denunciando as empresas que mais contribuem para a contaminação de plásticos. Sugere, ainda, a implantação de hortas comunitárias e o plantio de árvores.
O Tempo da Criação quer levar as pessoas à reflexão a respeito do seu comportamento diante da natureza. O guia assinala que políticas adequadas e mudanças no estilo de vida podem reduzir entre 40% a 70% as emissões de gases do efeito estufa até 2050.
O compromisso exigido pelo Tempo da Criação também alcança governos, para que adotem medidas urgentes que limitem o aquecimento da Terra e detenham o colapso da biodiversidade, colocando os povos indígenas no centro da proteção da biodiversidade.
O Tempo da Criação remete à Plataforma de Ação do Movimento Laudato Si, ao Fundo Mundial para a Natureza, ao movimento A Rocha, ao Twitter de ACT Aliança pela Justiça Climática e à Ação pela Justiça, da Federação Luterana Mundial.
O 1º de setembro foi proclamado como um dia de oração pela Criação, introduzido na Igreja Ortodoxa Oriental pelo patriarca ecumênico Dimitrios I, em 1989, e adotado por várias igrejas europeias em 2001 e pelo papa Francisco em 2015. O dia 4 de outubro reporta-se à festa de São Francisco, amigo dos animais e promotor da ecologia.
Este ano, o Tempo de Criação será encerrado com uma celebração ecumênica virtual. O guia pode ser baixado acessando: Lutheran World
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Tempo da Criação dará atenção às vozes silenciadas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU