09 Junho 2022
Bastou uma brincadeira proferida durante a assembleia dos bispos italianos para desencadear a hipótese de uma renúncia ao trono de Pedro.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 08-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Bastou uma frase proferida a portas fechadas durante a última assembleia dos bispos italianos para desencadear rumores sobre a possível renúncia do trono de Pedro do Papa Francisco. De acordo com algumas mídias, de fato, foi o próprio Bergoglio quem disse que preferiria renunciar a operar o joelho. Uma brincadeira, nada mais, mas na galáxia católica, fontes mais ou menos interessadas começaram a espalhar notícias não oficiais sobre um pontificado apresentando os créditos finais. "Francisco está perto do fim de seu pontificado?", é a manchete do Washington Post com um ponto de interrogação. E assim tantos outros.
Francisco tem 85 anos. Hoje ele está bem de saúde. A operação de um ano atrás para uma estenose diverticular sintomática do cólon foi bem-sucedida, mesmo que os efeitos colaterais da anestesia o incomodaram mais do que o necessário. Portanto, a ideia de se submeter a uma segunda cirurgia para uma gonartrose, ou seja, artrose do joelho direito, não o agrada. Tanto que prefere continuar se tratando com analgésicos e apresentar-se em público numa cadeira de rodas.
De acordo com os compromissos públicos, a renúncia ao trono não parece estar prevista em 2022. Além das viagens à África e Canadá em julho, está prevista para o final de agosto uma visita a L'Aquila, uma viagem ao Cazaquistão no outono europeu e com toda a probabilidade uma para o final do ano no Líbano. Quanto a 2023, tudo parece confirmar a direção que Francisco sempre declarou que queria manter: ele não pensa em renunciar, mesmo que poderia ser lógico depois que Bento XVI renunciou ao trono de Pedro, caso as condições de saúde devessem se deteriorar, tudo pode acontecer.
A velhice para ele é uma época importante, a ser vivida, como disse hoje, sem “o mito da eterna juventude como a obsessão desesperada de uma carne incorruptível”. "Tanta maquiagem, tantas intervenções cirúrgicas", disse hoje na audiência geral, dando continuidade à catequese sobre a velhice. Francisco também citou Anna Magnani quando ela pediu para não esconder suas rugas porque levou "muitos anos para consegui-las". Rugas são testemunho da "experiência, da maturidade" e "a sabedoria é como um bom vinho: quanto mais velho, melhor fica". Sobre a medicina e os cosméticos, o Papa acrescentou: "O bem-estar é uma coisa, a alimentação do mito 'da juventude' é outra bem diferente."
Certamente hoje existe apenas que Francisco se deixa levar pelo curso dos acontecimentos sem se excluir de qualquer possibilidade. E o faz apesar de saber que em torno de seu pontificado algumas vozes internas e externas à Santa Sé gostariam de sua despedida. Gianni Valente fala sobre isso em seu site, que lembra como na França, uma rede internacional de autores apresentados como "os melhores especialistas em Vaticanos do mundo" criou uma revista pensada ad hoc para os membros do Colégio Cardinalício, enviada diretamente a seus endereços pessoais com a intenção declarada de ajudá-los a "se conhecerem para tomar as decisões certas nos momentos importantes da vida da Igreja".
"Um mercado postal para os cardeais - escreve Valente -, intitulado Cardinalis (em latim) e impresso em quatro idiomas como um guia de orientação para fornecer dicas, informações e critérios de julgamento aos participantes do próximo Conclave, aqueles que são definidos como 'os principais conselheiros do Papa durante seu pontificado', e que 'elegem seu sucessor'". E ainda: "A linha editorial vem da revista apresentada pelos fãs como 'conforme aquela dos Pontificados de São João Paulo II e Bento XVI', e se condensa em um verdadeiro 'Memorando para um futuro Conclave', publicado na edição de 'Cardinalis' distribuída em abril."
E ontem foi o Cardeal Gerhard Muller quem disse durante a apresentação do livro de Massimo Franco, "Il Monastero": “Se o conclave de 2013 foi aquele de um assalto à cúria e ao establishment italianos, é possível que o próximo conclave será contra um governo da Igreja” que gerou "confusão" como a do Papa Francisco com as visões teológicas e jesuítas da "cúria paralela" de Santa Marta.
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Vaticano, rumores sobre a renúncia do Papa abalam a galáxia católica - Instituto Humanitas Unisinos - IHU