11 Mai 2022
"Depois de ter lido e examinado minuciosamente a questão do feminino, já há algum tempo também o masculino vem sendo questionado, sobretudo para entender como podemos dividir o binômio - ainda muito resistente – entre masculinidade e violência".
O comentário é de Gabriella Caramore, escritora, em artigo publicado por Jesus, maio de 2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade. E curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz”.
Assim, em Jeremias (6,13-14) o Senhor lamenta a iniquidade de todos os povos, que "deveriam se envergonhar das suas abomináveis ações, mas de maneira nenhuma se envergonham, nem tampouco sabem que coisa é envergonhar-se" (6,15) e, portanto, todos irão de encontro à tremenda desventura que lhes acontecerá no "dia do Senhor". Os versículos da Bíblia ressoam como um alerta às nossas consciências: nos lembram como em situações de conflito feroz os seres humanos sabem excogitar maldades sem fim; e que, no entanto, é sempre necessário operar uma escolha em favor dos mais fracos, dos agredidos, de quem procura uma salvação para si, para o seu próximo, para a comunidade em que vive. Mas certamente não podem nos ajudar a decifrar os sinais contraditórios que nos chegam da história - tanto mais de uma história intrincada como a que estamos vivendo, onde a verdade é sempre velada pela complexidade das imagens que recebemos e pelo ruído das palavras que ouvimos.
O que fazer diante da impotência que dolorosamente sentimos? Pode parecer algo realmente pequeno o que estou prestes a dizer. Mas dias atrás estive na apresentação de um livro de vários autores, organizado por Marinella Perroni e Antonio Autiero: Masculinidade em questão. Olhares sobre a figura de São José, onde o carpinteiro de Nazaré é visto como uma “figura teológica que reflete importantes instâncias do nosso tempo”, entre as quais aquela relativa à relação entre os gêneros. Depois de ter lido e examinado minuciosamente a questão do feminino, já há algum tempo também o masculino vem sendo questionado, sobretudo para entender como podemos dividir o binômio - ainda muito resistente – entre masculinidade e violência, para nos abrirmos para aquele - certamente mais proveitoso - entre masculinidade e ternura, entre masculinidade e responsabilidade. Sim, é uma forma indireta de pensar sobre como resistir à guerra que estamos vivendo e como nos preparar para um futuro diferente. Mas não é supérfluo abrir também essa frente de conhecimento.
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Quando também o masculino está em questão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU