19 Dezembro 2017
Francisco em Santa Marta lembra como o pai adotivo de Jesus, exemplo de homem que nada toma para si, “se encarregou de uma paternidade que não era dele: vinha do Pai”.
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada no sítio Vatican Insider, 18-12-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ele é aquele que cria, como pai, o Filho de Deus e o acompanha até a maturidade. São José é o sumo exemplo de um homem que nada toma para si mesmo. Foi o que o Papa Francisco lembrou e ressaltou na missa da manhã dessa segunda-feira, 18 de dezembro de 2017, na Casa Santa Marta. O pontífice também apontou que o pai adotivo de Jesus “não foi ao psiquiatra”, mas acreditou no Senhor.
O bispo de Roma – relata o site Vatican News – exorta, quando se enfrentam problemas, angústias, períodos obscuros, a aprender com São José, que sabe “como caminhar no escuro, como se escuta a voz de Deus, como se segue em frente em silêncio”.
Francisco diz isso ao comentar o Evangelho de Mateus, no qual se lê sobre Jesus que nascerá de Maria, noiva de José. O papa repassa as emoções de José quando, em Nossa Senhora, começam a ser “visíveis” os sinais da maternidade: as “dúvidas” do homem, a “dor”, o “sofrimento”, enquanto começam a circular “as fofocas do vilarejo”.
José “não entendeu”, mas é certo que a sua esposa é “uma mulher de Deus”, por isso decide “deixá-la em silêncio”. Não a acusa “publicamente”. E, em certo ponto, “o Senhor intervém”: com um Anjo, em sonho, que lhe ilustra como a criança “gerada nela” vem “do Espírito Santo”. São José não tem dúvidas: “Acreditou e obedeceu”.
O carpinteiro luta dentro de si mesmo; e, nessa batalha interna, eis a voz de Deus: “Levante-se – aquele ‘levanta-se’, tantas vezes no início de uma missão, na Bíblia: ‘Levante-se!’ –, pegue Maria, leve-a para a sua casa. Encarregue-se da situação: tome essa situação nas mãos e vá em frente”.
São José não busca os amigos para desafogar e pedir sugestões, não vai “ao psiquiatra para interpretar o sonho... Não: ele acreditou. Foi em frente. Tomou a situação nas mãos”. Mas o que “José devia tomar nas mãos? Qual era a situação? De que José devia se encarregar? De duas coisas. Da paternidade e do mistério”.
São José, portanto, deve “encarregar-se” da paternidade do Filho do Senhor. E isso já se intui na “genealogia de Jesus”, na qual fica claro como “se pensava que ele era o filho de José: ele se encarregou de uma paternidade que não era dele: vinha do Pai. E levou em frente a paternidade com aquilo que ela significa: não só sustentar Maria e o menino, mas também criar o menino, ensinar-lhe a profissão, levá-lo à maturidade de homem. ‘Encarregue-se da paternidade que não é tua, é de Deus’”. E isso “sem dizer uma palavra. No Evangelho, não há nenhuma palavra dita por José. O homem do silêncio, da obediência silenciosa”.
Além disso, ele também é o homem que “toma nas mãos” o mistério: o de “levar o povo de volta a Deus, da re-Criação”, que, como afirma a Liturgia, é “mais maravilhosa do que a Criação”.
Francisco acrescenta: José “toma nas mãos esse mistério e ajuda: com o seu silêncio, com o seu trabalho até o momento em que Deus o chama para si”. Desse homem “que se encarregou da paternidade e do mistério, diz-se que era a sombra do Pai: a sombra de Deus Pai. E se Jesus aprendeu a dizer ‘papai’, ‘pai’, ao seu Pai que ele conhecia como Deus, ele aprendeu isso a partir da vida, do testemunho de José: o homem que guarda, o homem que faz crescer, o homem que leva em frente toda paternidade e todo mistério, mas não toma nada para si”.
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Papa: ''São José não foi ao psiquiatra, mas acreditou'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU