01 Fevereiro 2022
A Igreja Católica da Nova Zelândia revelou nesta terça-feira publicamente, de forma inédita, a escala dos “horripilantes” abusos, incluindo os abusos sexuais, perpetrados desde a década de 1950 por membros do clero e outros religiosos contra mais de mil pessoas, metade delas menores de idade.
A reportagem é publicada por El Diário, 01-02-2022. A tradução é do Cepat.
Em comunicado, a organização religiosa destacou que quase metade das 1.680 denúncias, feitas por 1.122 pessoas, envolviam agressões sexuais cometidas principalmente em estabelecimentos educacionais ou residências. 75% desses supostos abusos ocorreram antes da década de 1990, diz o comunicado.
As denúncias atingem 14% dos 1.274 clérigos diocesanos, ou seja, aqueles que trabalham para um bispo desde 1950, assim como 8% dos 2.286 irmãos ou sacerdotes de uma congregação e 3% das 4.247 irmãs ou monjas que realizaram essas funções nos últimos 70 anos.
Esses dados fazem parte de um relatório preparado pela Igreja Católica da Nova Zelândia para a comissão governamental formada em 2018 pela primeira-ministra, Jacinda Ardern, para investigar os abusos cometidos dentro das instituições do país oceânico.
O cardeal John Dew, presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Nova Zelândia, disse em um comunicado que essas estatísticas são “horripilantes” e “algo de que nos envergonhamos profundamente”.
Este relatório foi divulgado poucos dias depois que a comissão governamental, que revelou há dois anos em um documento preliminar que cerca de 250 mil menores e adultos vulneráveis foram vítimas de abusos desde 1950, realizou audiências públicas sobre casos emblemáticos de abusos no interior da Igreja Católica.
Essas audiências se centrarão na escola Marylands, um internato para meninos e deficientes na cidade de Christchurch, e no Hebron Trust para menores em risco, dirigido por membros da ordem dos Irmãos de Deus de São João, bem como o vizinho orfanato de São José das Irmãs de Nazaré.
As denúncias ligadas à escola Marylands e ao Hebron Trust representam 14% do total de denúncias de abusos coletadas no relatório da Igreja Católica, enquanto outros 14% correspondem ao orfanato São José e à Casa de Nazaré.
Além disso, três dos supostos abusadores mais prolíficos da Igreja Católica trabalharam na escola Maryland, e um deles criou o Hebron Trust.
Te Rōpū Tautoko, a organização que produziu o relatório, admite que os números não representam todos os abusos, que incluem abusos físicos, emocionais, psicológicos e sexuais, além de negligência, mas apenas os casos que foram denunciados e preservados nos arquivos.
“Cada dado representa a vida de muitas pessoas. Muitas delas representam o mal terrível cometido por uma pessoa contra outra. Nunca podemos esquecer isso”, disse em um comunicado a irmã Margaret Anne Mills, presidenta da Conferência de líderes de Congregações da Nova Zelândia.
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A Igreja Católica da Nova Zelândia revela abusos infantis ‘horripilantes’ desde 1950 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU